segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Integração de pessoas: Um processo emocionalmente racional

integracao-sucesso-produtividade
No final de 2013, dois milhões de pessoas se espremeram na beira da praia em Copacabana, vestidas de branco, para ver pólvora colorida explodir no céu enquanto cantavam; por dezesseis minutos. Gente inteligente paga muito caro para se sentar numa cadeira e assistir, por alguns segundos, carros passando a mais de 400km por hora no asfalto à sua frente. E por alguma razão dos céus existe uma coisa no mundo chamada marcha atlética, que consiste num esporte em que pessoas sérias se deslocam de maneira extremamente estranha por longas distâncias.
Já parou pra refletir porque fazemos tais coisas? Já se pegou no meio de um “parabéns pra você” pensando no quanto a cantiga e o bater de mãos é um ato ridiculamente estranho? No entanto, cantamos. E infeliz de quem não canta, de quem não assiste, de quem não vibra, de quem não se conecta.
Mesmo com satélites no céu e toda a física quântica de hoje, somos essencialmente seres de metáforas e representações. Seres de símbolos e de rituais. A corrida, os fogos, a disputa, as canções, nada mais são do que metáforas para fenômenos que dão sentido à nossa vida, como o esforço, a superação, a vontade, a renúncia, o comprometimento e outros mais. É através de ritualizações que nos conectamos de verdade com a essência de nossa espécie.
E isso não pode ser negligenciado no processo de gerenciar pessoas.
Uma das partes mais importantes de um sistema de gestão de pessoas, e constantemente a mais negligenciada, se chama integração. É também um dos processos menos custosos e mais simples de se fazer.
A integração consiste em um recepção devidamente preparada para o novo colaborador, na qual ele será apresentado logicamente e psicologicamente à empresa na qual vai trabalhar. É o melhor momento para se começar a construir um mind-set individual que vai se refletir em uma cultura forte e saudável.
Já vi empresas que negligenciam totalmente o processo, simplesmente jogando o novo colaborador em seu ambiente de trabalho e deixando que se vire com, no máximo, apoio de um gestor direto que raramente tem tempo ou preparo para ajudar na adaptação. Em outros casos, até que existe uma integração, mas o processo se parece com o primeiro dia na caserna. Instruções claras, lógicas, funcionais, pragmáticas, e destituídas de qualquer apelo emocional. Não serve.
Peter Drucker, com todo seu pragmatismo norte americano, já dizia no século passado que a dimensão emocional e o vínculo psicológico são fatores determinantes para o sucesso de uma empresa. Então por que isso não é levado a sério em muitas empresas?
Porque muitos gerentes e executivos, assoberbados que estão com suas operacionalidades, não conseguem perceber o grande valor do processo, e especialmente porque muitas pessoas de RH não tem habilidade – ou credibilidade – o suficiente para fazê-los enxergar isso.
Sou um grande defensor de métricas e números na gestão de pessoas. Mas reconheço que em algumas situações a correlação numérica torna-se impossível de ser estabelecida, pelo menos a curto prazo.
O que um gerente ouve quando você diz que o colaborador vai passar por um dia inteiro de integração é: Menos 8 horas de produtividade. Quando na verdade o que ele deveria ouvir é algo como: São 8 horas que vão poupar muita dor de cabeça, desinformação e problemas de produtividade depois.
Uma boa integração deve ser um processo que informa e engaja ao mesmo tempo. Você não precisa fazer todo dia com cada colaborador que chega. Uma vez por semana, ou a cada 15 dias está bom, desde que todos os novos colaboradores façam.
É na integração que começa o relacionamento emocional do colaborador com a empresa.  Prepare um momento especial, uma apresentação bonita, conte a história da empresa, traga algum colaborador antigo para dar depoimento, proponha alguma atividade quebra-gelo, mostre algum vídeo, se possível tenha a presença do presidente ou dono da empresa na abertura, para um “boas vindas” de dois minutos.
Não é só pela cabeça que se ganha um colaborador, é pelo coração também. Use metáforas, analogias, histórias, símbolos. Envolva emocionalmente as pessoas para que entendam claramente aquilo do que elas estão fazendo parte.
Certa vez, após uma excelente integração que preparamos para um projeto de engenharia no nordeste do país, um assistente administrativo contratado localmente nos disse o seguinte:
“Na semana passada disse à minha mãe que eu tinha arranjado um trampo na obra da termoelétrica. Mas vou ligar pra ela hoje e dizer que na verdade eu faço parte de um grupo empresarial com mais de um século de história e que estou ajudando a melhorar a infraestrutura energética do país.
Entendeu?
Fonte http://recursosehumanos.com.br/artigo/integracao-sucesso-produtividade/?utm_source=Rede+O+Gerente&utm_campaign=f463c7f3c4-Recursos_E_Humanos_12_02_2014&utm_medium=email&utm_term=0_651183821a-f463c7f3c4-106172596

Nenhum comentário:

Postar um comentário