quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Como resgatar uma geração de jovens do desemprego

Durante sua estada no Brasil, o papa Francisco levantou uma questão sobre a qual é necessária uma séria reflexão. Em função da crise econômica, ele defende a necessidade de se criar uma cultura de inclusão social para inserir os jovens no mundo do trabalho. “Estamos correndo o risco de ter uma geração que não trabalha”, disse ele.

O fato é que já existe no País uma legião de jovens que não trabalham, não estudam e nem procuram a ocupação. Este contingente foi apelidado de geração “nem-nem” pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo a instituição, de 2000 a 2010, o número de pessoas entre 15 e 29 anos nesta situação aumentou em 708 mil.

Ainda de acordo com o Ipea, os jovens que não estudavam nem trabalhavam estão inseridos em famílias cujo rendimento médio domiciliar per capita é o menor entre as famílias analisadas.
"São necessárias políticas públicas que contribuam para uma inserção adequada desses jovens, seja na escola ou no mercado de trabalho", afirmou Ana Amélia Camarano, uma das responsáveis pelo estudo.

Uma das políticas públicas criadas para solucionar este problema social é a Lei do Aprendiz. O programa objetiva a inserção e profissionalização do jovem no mundo do trabalho e tem como condição sine qua non que o jovem tenha entre 14 e 24 anos de idade e esteja com o ensino médio concluído ou no mínimo com o ensino fundamental em andamento.

O Programa Jovem Aprendiz volta a despertar na juventude a necessidade de se educar para conseguir ascensão social, reforçando os vínculos entre educação e trabalho.

Além disso, a ação rende frutos para as empresas, pois podem aproveitar os jovens talentos em novas funções e cargos, reduzindo despesas em processos seletivos e treinamentos. O Jovem Aprendiz tem a vantagem de conhecer a cultura e os processos necessários para o desempenho da função.

As empresas são obrigadas a cumprir a cota referente à lei. Todavia, os envolvidos com a Lei da Aprendizagem devem encará-la não só como uma obrigação legal, mas como uma missão social, responsabilizando-se por educar, transformar e incluir jovens no mundo do trabalho, possibilitando-lhes o primeiro emprego e a ascensão social de sua família. O Programa Jovem Aprendiz passa a integrar, desta forma, ações de responsabilidade social.

O tema da falta de oportunidades para a juventude deve ser colocado em pauta. ONGs, sistema S, escolas técnicas, empresas e governo devem estar engajados para reverter este cenário de desemprego juvenil. Que as falas do papa Francisco sirvam para criar um clima favorável à adoção de mais medidas que garantam a inserção dos jovens no mundo do trabalho por parte de todos os envolvidos.

*Marco Machado é gerente de Educação Profissional no Espro – Ensino Social Profissionalizante, instituição que capacita e insere jovens no mundo do trabalho. Foi diretor nas faculdades Anchieta e Anhanguera Educacional S.A., em São Bernardo do Campo. Ele é doutor pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC/SP e especialista em avaliação.

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