quinta-feira, 28 de junho de 2012

Contatado ou contratado?


É, o mundo mudou…, se transformou. E continua mudando.
Imagine se você vivesse lá pelos idos do século 17 e vivesse até cem anos. Provavelmente a sua ideia de mundo seria a da Era Medieval. Mas, cem anos depois, iniciávasse a Era Moderna.
Em apenas cem anos, uma pessoa do século 18 teria uma percepção da realidade totalmente diferente da pessoa que vivesse no século anterior.
E isto acontece com todos nós em espaços de tempo cada vez mais curtos. Vejam: no primeiro quarto do século 20, nada ou muito pouco era eletrônico; a informação chegava com dois dias de atraso; o trabalho era monótono e repetitivo.
E hoje, antes de completarmos o primeiro quarto do século 21, praticamente tudo é eletrônico, a informação nos chega on time e o trabalho tornou-se muito mais dinâmico, sem espaço para a monotonia e a repetição.
Este cenário faz com que as pessoas também se transformem em seus saberes e em seus comportamentos para que consigam se manter inseridas em um mundo daca vez mais instável, mutável e inseguro.
E no mundo do trabalho isto também ocorre. São de Robert Haas as seguintes palavras:
“As diferenças mais visíveis entre a empresa do futuro e sua contrapartida atual não estarão nos produtos nem no equipamento utilizado, mas em quem estará trabalhando, porque estarão trabalhando e no significado que o trabalho terá para estas pessoas”.
De forma semelhante, esta visão de futuro também foi compartilhada por Peter Drucker que, em 2000, afirmava:
“Em alguns séculos, quando a História de nossos dias for escrita com uma perspectiva de longo prazo, é provável que o fato mais importante que os historiadores destaquem não seja a tecnologia, nema internet e nem o comércio eletrônico. Será uma mudança sem precedentes da condição humana. Pela primeira vez, literalmente, um número substancial e crescente de pessoas terão escolhas. Pela primeira vez elas se gerenciarão a si mesmas. E a sociedade está totalmente despreparada para isso”:
Neste contexto de mudanças, de pessoas e de relações com o mundo do trabalho, Haas é de opinião que a “corporação sem fronteiras”, terá algumas características:
  • a – desafiará diariamente velhos conceitos;
  • b – tratará fornecedores e clientes como parceiros;
  • c – eliminará a distinção entre trabalhadores e administradores;
  • d – redefinirá as linhas entre interesses pessoais e profissionais;
  • e – capacitará os empregados para que eles utilizem todo o seu potencial, assumam a responsabilidade por sua contribuição individual e sintam-se como proprietários (o que serão);
  • f – equipar-se-á com tecnologia;
  • g – será global;
  • h – comprimirá o tempo visando obter vantagem competitiva;
  • i – reagirá com agilidade;
  • j – terá consideração para com a comunidade;
  • k – tomará decisões de forma não confidencial.
Por outro lado, é fato que as empresas estão se transformando em corporações mais flexíveis, menos hierarquizadas, exigindo cada vez mais criatividade e inovação, trabalhando em rede, fornecendo mais aprendizagem e capacitação aos seus colaboradores, contribuindo para que aumente sua felicidade e qualidade de vida, entre outras medidas exigidas pelo mundo atual.
Entretanto, começa a haver uma outra tendência com relação aos colaboradores no que diz respeito às suas carreiras e sua adaptação a esta era de mudanças rápidas e constantes.
Uma tendência que se descortina é a carreira proteana, conceito desenvolvido por Hall (1996) e que já foi tema de um recente texto denominado “Carreira proteana – Uma tendência futura”.
Minha intenção, dentro destes cenários é realizar uma pensata sobre est profissional.
O profissional “ideal”
Em recente reportagem da revista Veja (edição de 25 de maio de 2012), denominada “Disputado,bem pago e à prova de crise”, foram ouvidos diretores e presidentes de setenta empresas líderes em noves setores da economia brasileira.
Em resumo, este profissional não é mais aquele que domina ou que APENAS domina sua área de conhecimento. Ele deve ser um “combo”, ter também outras habilidades para lidar com pessoas diretamente envolvidas no negócio, ou com a comunidade afetada por ele.
As oito características deste profissional cobiçado foram:
  • a – ser engenheiro civil;
  • b – ter uma pós graduação ou MBA em finanças;
  • c – ter estudado ou trabalhado no exterior;
  • d – ter cursado um MBA em gestão de projetos;
  • e – ter feito algum tipo de trabalho voluntário;
  • f – ter,ao menos, dez anos de atuação no mercado;
  • g – não se importar em morar em lugares distantes dos grandes centros; e,
  • h – falar inglês, espanhol e ter noções de mandarim.
O profissional do futuro
Além das características citadas, este profissional deve ter uma alta dose de auto-conhecimento.
Em primeiro lugar, ele deve estar ciente das oito áreas que todo Ser Humano tem e que vai levar com ele durante todo o seu viver: físico, emocional, intelectual, lazer, profissional, financeiro,  relacionamentos (incluísse aqui também a família) e espiritual.
Quando se consegue equilibrar estas oito áreas, estamos aumentando nosso auto-conhecimento e,portanto, melhorando nossa qualidade de vida e sendo mais felizes.
Robert Wong, em seu libro “Superdicas para conquistar um ótimo emprego”, afirma: “quanto mais eu me conheço, mais eu confio em mim mesmo e, quanto mais eu confio em mim mesmo, mais eu quero me conhecer, o que leva a um círculo virtuoso de crescimento e evolução”.
Quanto ao auto-conhecimento relacionado ao aspecto profissional, o autor sugere que sejam respondidas as seguintes perguntas:
  • a – quais são os meus pontos fortes?
  • b - quais são os meus pontos fracos?
  • c – o que eu gosto de fazer?
  • d – o que eu não gosto de fazer?
  • e – qual o grande diferencial que tenho para oferecer ao mercado?
  • f – quais os meus valores?
  • g – o que eu aprecio em mim?
  • h – o que eu aprecio nos outros?
  • i – o que eu não aprecio em mim?
  • j – o que eu não aprecio nos outros?
  • k – quais são os meus ídolos ou pessoas que admiro?
  • l – quais as situações nas quais agi ou ajo proativamente?
  • m – quais as situações nas quais agi ou ajo reativamene?
  • n – quem sou eu (SER), em contraste com quem eu acho que sou (ESTAR) ou quem eu gostaria que os outros achassem que sou (PARECER).
Vamos recordar, agora, o ponto fundamental da carreira proteana: SUCESSO PSICOLÓGICO.
Em outras palavras: a sua atividade deve lhe fazer feliz. E para que você seja feliz naquilo que você faz, tres perguntas devem ser respondidas:
  • a – sou feliz COM O QUE e COMO trabalho?
  • b– sou feliz COM QUEM TRABALHO?
  • c – sou feliz AONDE trabalho?
Estas tres perguntas tem relação direta com o grau de felicidade que você alcança quando trabalha, no que diz respeito a você, às pessoas e à empresa. (Caso queira, leia também meu texto denominado Ergofeliciômetro)
Entretanto, como o mundo do trabalho está em constante mutação, muitos profissionais já respondem à terceira pergunta acrescentando outros locais pata trabalhar que não a empresa, como escritório virtual, home office, bibliotecas, cafeterias, parques, etc.
As empesas estão se tornando mais flexíveis com relação à presença constante do colaborador em suas dependências. Elas já estão “acordando” para o fato que esta flexibilidade é um fator que aumenta a produtividade do colaborador, gera mais lucro, o mantém mais saudável, menos estressado e… mais feliz, ou seja, o ponto fundamental da carreira proteana.
Pode até ser que, em um futuro próximo, uma empresa seja composta, majoritariamente, de colaboradores proteanos virtuais.
Imaginemos que a empresa queira levar adiante um determinado projeto. Ela consulta seu banco de currículos e escolhe as pessoas que serão contatadas.
Caso seja uma delas, a empresa vai lhe enviar um e-mail com o que precisa ser feito e um contrato de trabalho para desenvolver aquele projeto com os valores,condições de pagamento, etc.
Você poderá aceitar ou não.
Em caso positivo, você responderá ao e-mail manifestando sua aceitação e as condições propostas.
Ao final do projeto a empresa lhe enviará um e-mail de agradecimento e confirmando o depósito de seus honorários em sua conta bancária.
E você não saberá nada, absolutamente nada, a respeito da pessoa que lhe contratou ou que foi o elo de ligação entre você e a empresa contratante.
Você acredita que este cenário está longe de acontecer?
Eu, particularmente, acredito que não. Acho que é uma realidade cada vez mais presente. Veja, por exemplo, o grande número de profissionais que estão se tornando consultores após anos de trabalho dedicados às corporações.
Pois acredito que o cenário acima já começa a acontecer nas gerações X e Y, onde o jovem já aceita melhor esta forma de trabalho em vez do emprego formal.
Acredito que,cada vez mais, as pessoas serão mais contatadas e menos contratadas.

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