quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Lidere e não erre

O holandês Freek Vermeulen, professor da London Business School e um dos principais pensadores de gestão da atualidade, fala sobre como evitar erros ao liderar

Seu livro mostra com bastante evidências que os CEOs também cometem muitos erros. Não é arriscado deixar a definição da estratégia da empresa apenas em suas mãos?

Freek - Há cerca de 15 anos, eu era consultor de uma empresa e acreditava que essa decisão deveria ser democrática, com o envolvimento de todos os setores da companhia, mas não acredito mais nisso hoje. É papel da chefia máxima tomar decisões muito claras sobre o que fica dentro e o que fica de fora da estratégia. Claro que um bom CEO vai perguntar à sua volta a opinião das pessoas, mas isso não é uma tomada de decisão democrática, na minha opinião, mas uma decisão da chefia. Não sou a favor de todo mundo votar qual é a estratégia, mas também sou contra uma pessoa sozinha atrás da mesa decidir tudo. Um bom CEO se deixa ser influenciado pelas boas ideias de outras pessoas. 

O que o fez mudar de opinião?

Freek - O processo democrático, assim como na esfera política, depende de compromisso e a construção de um consenso, o que pode levar a uma estratégia não muito clara ou ambígua. Às vezes, as melhores medidas em relação à estratégia não são necessariamente as mais populares. No livro, dou o exemplo da CNN, que foi o primeiro canal a transmitir notícias sete dias por semana. No início, talvez as pessoas não estivessem convencidas de que isso poderia ter futuro, mas foi preciso que o CEO tomasse a decisão. E acho que, se essas coisas passassem por um processo democrático, não teria funcionado.

Como vê o papel das reuniões estratégicas nesse processo? 

Freek - Quando as pessoas vão para as reuniões discutir os próximos passos da empresa, em vez de irem abertas para ouvir seus colegas, elas já vão com a intenção de convencê-los das suas próprias ideias. Uma das primeiras reuniões estratégicas de que participei foi em uma empresa jornalística. Fiquei surpreso ao ver que, antes mesmo de qualquer debate, grupos menores já estavam formados: um achava que a companhia deveria abrir capital, outro, que os negócios deveriam ser diversificados, e assim por diante. Portanto, é claro que a disputa de interesses vai interferir nas decisões e é aí que entra o meu ponto de não acreditar em processos democráticos. Considero essas reuniões um bom momento para as pessoas colocarem as suas ideias, mas quem decide é o CEO. Não é possível agradar a todo mundo, mas, se as pessoas virem que o processo é justo, irão se sentir motivadas mesmo que não concordem com o resultado. Então, para o processo, as reuniões estratégicas são muito importantes.


Fonte: http://vocesa.abril.com.br/desenvolva-sua-carreira/materia/lidere-nao-erre-647208.shtml 

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