quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Navegação com escala e estratégia

Brasil precisa de indústria naval forte para enfrentar os desafios de estar, com produtividade, no comércio internacional. Inteligência, como a nossa engenharia, tem. É saber usar e valorizar. 

A navegação no comércio marítimo internacional desafia o Brasil em duas frentes: profundidade para acesso dos grandes navios em seus portos e a construção de embarcações para garantir qualidade soberana nos mares, para conquistar nichos para sua produção e frete para sua Marinha Mercante. Trata-se de promover escala e estratégia de transporte para bem posicionar o produto brasileiro no mercado global com inovações consistentes.
Navio freepik
Na tendência contínua da economia de escala nas linhas de transporte que repercute nos porta-contêineres, cada vez mais são lançados mega navios. Para dar suporte a esse processo de escala na navegação, o canal do Panamá foi expandido e aqueceu a competitividade no setor. Como consequência, o alto fluxo de contêineres congestiona os portos. Por isso, a legislação no Texas (EUA) limitou a um mega navio de contêiner, de mais de 9.500 TEU, entrar no porto semanalmente.
Se o argumento texano foi em defesa da movimentação de embarcações menores no porto de forma eficiente e segura, promoveu também perda de produtividade na cadeia de suprimento. Ou seja, novas soluções e novos problemas, que precisam ser tratados como reforços mútuos para gerar resultados avançados. Esta conjuntura confirma o acerto do Ministério da Infraestrutura em contratar a Fundação Dom Cabral para desenvolver um projeto de produtividade. Assim, dar robustez às iniciativas transformadoras.
Nossa Marinha de Guerra já esteve entre as maiores do mundo. Será mero voo de galinha um projeto de desenvolvimento brasileiro que não incluir uma navegação holisticamente produtiva: grandes navios de fabricação nacional. Portanto, nossa indústria naval deve ser desafiada a viabilizar grandes projetos para nosso comércio navegar frutuoso pelos mares do mundo. Para tanto o Brasil tem uma excelente engenharia naval que não vem encontrando oportunidade correspondente ao seu potencial. Trata-se de um projeto de Estado para firmar a construção de navios.
A baixa produtividade verificada nos portos, por deficiência de profundidade para a grande navegação, é devida, principalmente, a um modelo de dragagem viciado, sobre o qual a operação Tritão da Polícia Federal está lançando luz no Porto de Santos (SP). Portogente defende a contratação por longo prazo de dragagem por resultado.
Navegar é preciso; e muito.

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