segunda-feira, 8 de maio de 2017

‘Fui ignorado em plena entrevista de emprego’

'Nunca fui submetido a tanta falta de profissionalismo. Se a grosseria do entrevistadores reflete a empresa como um todo, será que eu quero mesmo trabalhar ali?'

The New York Times
“Fui entrevistado recentemente para um emprego de assistente do executivo chefe de uma grande empresa. Os dois entrevistadores eram funcionários de recursos humanos e estavam na segunda metade dos 20 anos, como disseram. Em cinco minutos de entrevista, um deles puxou o celular e começou a mandar e-mails, mensagens de texto e navegar na internet. De vez em quando, olhava para mim e fazia um comentário – voltando logo para o celular. Mesmo quando fazia uma pergunta, estava focado no aparelho.
Fiquei com vontade de dizer que, se minha conversa estivesse atrapalhando a navegação, eu poderia esperar. Também pensei em dar um tapa no celular e sair da entrevista. Quando o diálogo acabou, o segundo entrevistador me levou até o elevador, aproveitando para despejar uma série de palavrões durante o curto trajeto.
Nunca fui submetido a tanta falta de profissionalismo (sem falar que eu estava de terno, e os dois, de jeans e camiseta). Se a grosseria deles reflete a empresa como um todo, será que eu quero mesmo trabalhar ali?
Sei que os jovens de hoje (parece meus pais falando…) são viciados em celular e o aparelho faz parte de sua vida, mas aquilo foi ridículo. Talvez eu devesse simplesmente ter abandonado a entrevista. Foi muito frustrante. Qual o seu conselho para o caso de uma falta de educação assim se repetir numa futura entrevista? J. K.”
Rob Walker responde:
Em defesa dos jovens de hoje, e de qualquer época, digo: não são todos iguais. Já conversei com muita gente na faixa dos 20 anos que não fica olhando para o celular. Você, claro, foi vítima de uma falta de profissionalismo, e seus instintos básicos estavam certos.
Nessa situação criada, quem precisa de conselho é quem dirige a empresa. Seguramente, ele ou ela não vão querer ver sua organização representada de maneira tão estabanada e superficial, com representantes do RH humilhando potenciais funcionários e deixando-os com uma impressão negativa de toda a companhia. A mensagem que esses entrevistadores estão passando é: nós não levamos este negócio a sério. Por que então alguém levaria?
Uma entrevista de emprego não é apenas a avaliação de um candidato. O entrevistado também julga a empresa. Seus representantes parecem competentes? O comportamento e a apresentação deles revela algo da companhia? O uso de jeans e camiseta não é um problema em si, mas pode sugerir um ambiente de trabalho diferente daquele que você procurava. Primeiras impressões não podem ser decisivas. Talvez o emprego seja excelente. Mas certos sinais são difíceis de se ignorar.
Quanto ao problema específico de ser entrevistado por alguém colado no celular, você poderia tentar uma abordagem mais leve, algo como: “Vejo que tem alguma coisa rolando aí. Eu espero”. Isso afastaria o confronto (você reforçaria com um sorriso simpático), mas deixaria claro que você não quer falar enquanto a atenção do entrevistador estiver em outra parte.
Se ele continuar se comportando como se a conversa não signifique nada, então provavelmente não significa mesmo. Nesse caso, encerre do melhor modo possível e vá para o elevador.
Fonte http://economia.estadao.com.br/blogs/radar-do-emprego/2017/03/25/fui-ignorado-em-plena-entrevista-de-emprego/

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