segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Quando o empreendedorismo encontra o terceiro setor, a união pode ser poderosa

Quando o empreendedorismo encontra o terceiro setor, a união pode ser poderosa


Participar ativamente na transformação e melhora de vida das pessoas é o fundamento básico do empreendedorismo social. Buscar soluções inovadoras e utilizar a criatividade para resolver problemas de uma região ou até (por que não?) do mundo inteiro. Muito ouvimos falar, nestes últimos anos, em como se sustenta uma organização neste formato enquanto surgem verdadeiros exemplos de sucesso em outros países.
Recentemente, estive no Social Capital Markets Conference (SOCAP) que ocorreu na Califórnia, Estados Unidos, onde foi falado por diversas vezes sobre investimentos no setor do social business, e pude observar como a maturidade americana coloca o mercado internacional anos luz a frente do brasileiro. Os fundos de investimentos são levados a sério nos EUA. Representantes das grandes empresas presentes ao evento articulavam sobre milhões e bilhões de dólares, enquanto no Brasil esses valores são de no máximo 100 ou 200 mil reais.
A diferença está em dois principais pontos. O primeiro é que os empreendedores sociais brasileiros ainda têm, assim como um dia eu também já tive, um grande receio de que seu empreendimento social cresça, vá além do esperado e se torne, no futuro, um negócio lucrativo. Este medo não pode existir porque, apesar de ter sucesso financeiro, a organização ainda assim terá como fundamento e essência a sua consciência social de ajudar a melhorar a vida das pessoas de uma comunidade, cidade, estado, país, o mundo inteiro ou o que quer que seja. Não é pelo motivo de ter dinheiro suficiente para manter as atividades, e ainda ter lucro, que a iniciativa perde o seu sentido principal.
O segundo ponto está na maneira como no Brasil o empreendedor capta recursos para as causas sociais. Ao invés de procurar as empresas para negociar um investimento, a busca é quase que um pedido de caridade. E não é isso o que deveria acontecer. O social business não se trata de caridade e nem de filantropia. Nós queremos sim promover essa ajuda, mas o objetivo é que a vida dos envolvidos mude e não que seja um auxílio momentâneo. Por isso, precisamos de investimento e não de doação. O propósito está na contribuição para a sociedade além de qualquer outro ponto, mas a captação de dinheiro faz parte do processo. Quem investe não faz caridade, mas sim colabora para o crescimento do projeto com o recurso oferecido para o benefício da população.
A maturidade e o aporte financeiro dos Estados Unidos são realmente superiores ao que encontramos no Brasil quando o assunto é o social business. O empreendedorismo social nacional tem lições valiosas a apreender com os exemplos vindos de fora, com o apetite e o desejo real de investimento pesado no setor. Não é uma vergonha não ser tão desenvolvido em relação ao mercado internacional, mas fica o alerta e a necessidade de reavaliarmos o pensamento sobre este segmento que apresenta chances reais de crescimento a cada dia e que tem fundamental importância na melhora de vida de milhões de cidadãos que precisam de ajuda.
Felipe Dib é o fundador, CEO e professor da plataforma online de ensino de inglês gratuito Você Aprende Agora.
Fonte http://www.administradores.com.br/noticias/empreendedorismo/negocios-sociais-entre-a-caridade-e-o-investimento/106922/

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