quinta-feira, 13 de março de 2014

Dois anos de fracassos


Pouco mais de dois anos atrás, meu assistente e eu ficamos no escritório depois do expediente e, apenas por brincadeira, escrevemos citações de pensamentos de pessoas famosas a respeito do fracasso.
De Winston Churchill veio: (“O sucesso é tropeçar de fracasso em fracasso, sem perder o entusiasmo”) até Sofia Loren tem uma: (“Erros são tributos que se paga por uma vida plena”).
Depois que meu assistente foi embora, continuei no escritório, peguei meu marcador e escrevi também alguns de meus fracassos mais humilhantes na parede.
No outro dia, “a parede” foi recebida com uma mistura de excitação e apreensão, tanto por meus funcionários e quanto pela imprensa, que tomou conhecimento do fato e rapidamente entendeu a ideia. Com o tempo, colaboradores, parceiros e até mesmo membros da família vieram acrescentar suas observações, até que a parede ficou cheia de fracassos.
A iniciativa foi bem recebida até por alguns grandes jornais, como Los Angeles Times. Eles até começaram sua própria “parede do fracasso online”. Mas a coisa não foi  tão bem recebida no HuffPost Live, onde alguns colegas e conhecidos ficaram mais cautelosos com a ideia.
Enfim, apesar de algumas críticas, a parede do fracasso perseverou, e já são 2 anos. Então, o que aprendemos com ela?

1. Mudança de cultura começa pequena.

No início, havia apenas um conjunto de falhas escritas na parede: as minhas. Levou alguns dias antes que alguém pegasse o marcador e pusesse suas próprias falhas. Mas depois que meia dúzia de almas valentes já tinham escrito suas falhas, outras começaram a chegar bem mais rápido… o crescimento foi exponencial, em vez de linear. Na medida em que os funcionários começaram a se sentir seguros em admitir erros, a parede ficou cheia. Agora, a parede é completamente coberta e há espaço disponível somente quando uma falha antiga desaparece. O que nos leva para o aprendizado número 2…

2. Falhas antigas desaparecem.

Percebemos que a escrita na parede tende a durar alguns meses antes de começar a se apagar, e em cerca de nove meses desaparece completamente, abrindo espaço para a próxima rodada. Esta propriedade física da “parede do fracasso” imita como o fracasso funciona na mente: quando você reconhece a falha, ele vai pra longe, tanto da sua própria memória quanto da memória dos que te rodeiam. Mas se a falha não for reconhecida, tende a apodrecer. “Jogá-la fora” é o único caminho seguro.

3. O fracasso não é grande coisa.

Durante as primeiras semanas da parede, os funcionários frequentemente iam procurar fracassos novos. Na verdade, toda manhã enquanto tomavam seu café.
Agora, apenas novos funcionários ou visitantes do escritório perdem algum tempo significativo lendo a parede. Para o resto de nós, é apenas parte do cenário. Falhas acontecem, nós as anotamos, elas desaparecem. Você até riria de algumas das mais bem-humoradas, e talvez seu queixo caísse com as mais graves (“certa vez esperei meses por alguém para me dizer o que fazer, em vez de tomar a iniciativa…”). Mas, no fim das contas, isso acontece.
Naquela parede alguns funcionários admitiram erros que custaram centenas de milhares de dólares à empresa, mas  ninguém ficou em apuros. Como CEO, sei que não é com os erros da parede dos fracassos que devo me preocupar, mesmo que tenham sido caros. Se está na parede do fracasso, quem falhou reconheceu isso, aprendeu com isto, e é improvável que repita o engano.
A ideia de fracasso muitas vezes é o elefante na sala, do qual ninguém quer falar. A parede do fracasso nos deu uma maneira de falar sobre o fracasso sem estigmatizá-lo. Agora quando uma pessoa traz uma proposta arriscada em uma reunião, inevitavelmente alguém brinca que ela “pode acabar na parede do fracasso”. Assim que isso é dito, nos sentimos como que livres para ter uma discussão mais franca e calcular o risco.

4. O fracasso é, realmente, uma grande oportunidade

Reconhecer e aceitar o fracasso é parte fundamental de como as empresas operam. Em nosso caso, isso ironicamente aumentou nossa capacidade de crescer e inovar rapidamente. Tenho orgulho de dizer que temos uma cultura que aceita, abraça e, ocasionalmente, ri do fracasso.
Embora minha equipe e eu escrevamos muitos fracassos na parede, a própria parede é, em si, um de nossos maiores sucessos.
Fonte http://recursosehumanos.com.br/artigo/fracassos-sucesso-lideranca/?utm_source=Rede+O+Gerente&utm_campaign=a18b17a70d-Recursos_E_Humanos_21_02_2014&utm_medium=email&utm_term=0_651183821a-a18b17a70d-106172596

Nenhum comentário:

Postar um comentário