terça-feira, 14 de janeiro de 2014

O que há de errado com a descrições de cargo?

descricoes-de-cargoEu sinceramente acho que o termo performance  sempre teve – e continua tendo – muito foco no trabalho de uma pessoa e pouco foco sobre o papel que a pessoa deve desempenhar na organização.
Em outras palavras, temos a tendência de limitar nossas discussões sobre desempenho à descrição de cargo, e acho que isso é um erro.
Eu acho que um bom ponto de partida no que diz respeito à compreensão do desempenho de uma pessoa no trabalho é pensar sobre os papéis que se espera que os funcionários desempenhem nas organizações, em vez de pensar apenas no trabalho que eles têm.

Qual é a diferença?

Um trabalho é um conjunto claramente definido de tarefas que têm algum inter-relacionamento; espera-se que um funcionário realize estas tarefas com competência – pelo menos – em troca de remuneração e de outros benefícios.
Um papel, por outro lado, é um conceito mais amplo do que um trabalho. Ele engloba as funções do cargo e as que não são do cargo. Em termos de desempenho, a maioria das organizações está mais preocupada com o trabalho que um funcionário faz do que com o papel que desempenham.
Como consequência deste foco no trabalho, gerentes e funcionários avaliam a sua contribuição para a organização com base em completar os requisitos literais de sua função no cargo. Nestas circunstâncias, os funcionários, com alguma razão, geralmente pensam e às vezes dizem: “Se  não está na minha descrição de cargo, eu não sou obrigado a fazer”.
Os gerentes tentam esculpir as responsabilidades dos funcionários dentro de suas descrições de cargo. Isso é feito como uma forma de manter o controle e como um meio de monitorar o desempenho do pessoal. A descrição de cargo é um artefato do século 20. No entanto, muitas organizações ainda são muito dependentes desse pedaço de papel. Não funciona bem.

O trabalho dos funcionários é bidimensional

A verdade é esta: o desempenho dos funcionários no ambiente de trabalho moderno não pode ser completamente capturado em uma descrição de cargo. Se você duvida disso, então por que é que a maioria das funções de cargo tem uma “declaração de outras tarefas importantes” no final dizendo algo como “e quaisquer outras funções consideradas necessárias por seu supervisor”?
Isto é porque o trabalho que os funcionários realizam é bidimensional. Em outras palavras, eles têm as exigências do cargo e as que não são do cargo.
Por conseguinte, o desempenho deve ser considerado em ambas as dimensões. O desempenho no trabalho está geralmente relacionado com os aspectos do trabalho que podem ser documentados nas descrições de cargo.
O desempenho em tarefas que não fazem parte do cargo, por outro lado, tem mais a ver com o papel que a pessoa deve desempenhar dentro de seu ambiente de trabalho.
Por exemplo, a maioria das empresas espera que os funcionários mostrem iniciativa , trabalhem em equipe e melhorem continuamente suas competências. Estes aspectos estão mais relacionados com o papel organizacional ou tarefas fora das descrições de cargo. Eles não são geralmente mencionados diretamente na descrição de cargo convencional, apesar de serem considerados essenciais para o desempenho global.

Os papéis além das descrições de cargo  estão se tornando importantes

Do ponto de vista organizacional, o papel desempenhado por funcionários  fora de sua descrição de cargo agora é quase tão importante para o sucesso da empresa como seu desempenho no trabalho técnico em si. Atualmente é amplamente reconhecido que papéis como o de trabalho em equipe, que contribui para melhorar o clima no local de trabalho, e a habilidade de desenvolver a própria capacidade de trabalho, têm um impacto importante no desempenho organizacional.
Estes  atributos não costumam ser colocados nas descrições de cargo. No entanto, é esperado implicitamente de cada funcionário trabalhar em equipe, ser empreendedor, e crescer e desenvolver as suas capacidades. Em suma, o desempenho do trabalho do funcionário vai além dos limites estreitos de suas descrições  de cargo e inclui estes – e outros – comportamentos não específicos da função.
Os gerentes devem manifestar apreço e reconhecer a importância e o valor de comportamentos não descritos formalmente, de forma mais ativa. Se eles fizerem isso, o valor do trabalho não estará apenas no que é feito, mas também na forma como as pessoas o fazem. Mais especificamente, ser inovador quando necessário, ter espírito de equipe, e melhorar suas habilidades, faz parte do repertório organizacional do funcionário moderno.
Todos se beneficiam de uma cultura organizacional baseada em desempenho. Mas é preciso ir além da simples descrição de tarefas e evidenciar também os comportamentos adicionais que compõem o que chamamos de desempenho.
Autor: Dr. Tim Baker

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