quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Quando a arrogância se sobrepõe à liderança

Olhar frio, direto e por cima dos óculos, postura de ataque, nenhuma humildade e toda a confiança de que está sempre certo. Trabalhar com um profissional arrogante não é nada fácil. Seja ele um par ou um superior, cabe à área de RH administrar a situação, que influi diretamente no ambiente de trabalho e na saúde organizacional da empresa. “Competências emocionais são tão (ou mesmo mais) importantes que as técnicas e já estão sendo consideradas pelas companhias”, afirma Meiry Kamia, psicóloga e consultora organizacional.

Um exemplo dessa mentalidade é dado pela operadora de planos de saúde Omint, que soma iniciativas na área, como um curso de comunicação e relacionamento interpessoal. “A arrogância interfere no clima, na produtividade, nas relações e normalmente demora muito para ser identificada e trabalhada como necessário”, comenta Adriana de Oliveira Melchiori, coordenadora de desenvolvimento de RH.

A executiva recomenda que os departamentos de RH “mantenham o acompanhamento adequado” em caso de reclamações envolvendo o excesso de egos e que os gestores deem bons exemplos de conduta. “Isso para que o discurso sobre valores organizacionais ocorra também na prática”, afirma, acrescentando que “a arrogância não combina com o ambiente que queremos ter em nosso dia a dia.”

Chefia

A arrogância exercida por líderes é bem mais comum do que se pode imaginar. Pesquisa realizada em 2012 pelo Chartered Institute of Personnel e Desenvolvimento (CIPD), do Reino Unido, apontou que, embora oito em cada dez chefes acreditem que realizam um bom trabalho, somente 58% dos funcionários concordam com isso. O que separa as duas opiniões? A arrogância que vem lá do alto da hierarquia.

Os chefes, segundo o estudo, não se preocupam em passar um feedbackpara seus funcionários e nem incentivam ideias e sugestões vindas deles. A consequência desse comportamento é que a equipe não consegue focar em resultados para a empresa porque está minada por gente estressada, frustrada e insatisfeita, conforme apontou a pesquisa.

Dicas

Se você, assim como a maioria listada pela pesquisa britânica, está no time dos que sofre com um líder arrogante, deve saber que por trás do “nariz empinado” se esconde, na verdade, um grande medroso – que para se defender acaba atacando primeiro. Ao menos é o que afirma a psicóloga Meiry Kamia, que sugere que, para lidar com personalidades assim, é preciso muita psicologia. “Entendendo um pouco a arrogância, a gente vê que não se trata de alguém querendo nos atacar, mas de um medroso querendo se proteger.”

A especialista aconselha que, quando um líder ou colega surgir com o ego descontrolado, o melhor a fazer é não encarar o comportamento como um ataque pessoal. “Até porque a pessoa que se sente muito atacada também é uma orgulhosa.” Outra dica: olho na autoestima, arma poderosa contra os arrogantes de plantão. “Quem tem uma boa autoestima conhece a si mesmo e seu próprio valor”, explica a psicóloga. “Qualquer um pode xingar e falar o que for, mas isso não ataca, não ofende.”

Porém, uma advertência: evite abordar o tema à queima-roupa com o superior ou o par que “padeça desse mal”. Isso pode pôr tudo a perder. “Tocar diretamente nesse assunto com a pessoa é mexer na ferida dela”, afirma a especialista. “Vai doer e ela vai reagir mal.” O melhor a fazer é, acredite, apelar para a linguagem corporal. “No todo da nossa comunicação, apenas 7% são palavras”, informa Meiry. “38% é tom de voz e 55% é expressão facial e corporal. Ou seja, tem muito que a gente pode ‘dizer’ a partir de nossa postura corporal.” Um exemplo? Respire fundo e não devolva a arrogância, mas demonstre firmeza ao falar. As chances de obter sucesso são bem maiores do que partir para a agressão verbal.

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