sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Burocracia impede aumento do transporte por cabotagem, mostra estudo


RIO - A burocracia para o transporte de carga por cabotagem nos portos do país é semelhante à aplicada nas operações de exportações e importações e mais complexa do que a existente no transporte rodoviário. A afirmação foi feita pelo diretor do Instituto ILOS, João Guilherme Araújo. De acordo com ele, há demanda crescente pela utilização dessa modalidade de transporte, mas o governo federal precisa resolver alguns entraves.

“O modal [transporte por cabotagem] é subutilizado”, disse Araújo, após apresentar pesquisa do Instituto ILOS sobre o assunto durante o XVIII Fórum Internacional de Logística, no Rio de Janeiro. “Nós estamos presos a questões de infraestrutura e de burocracia”.

Araújo citou o excesso de documentos necessários como um dos principais entraves burocráticos, assim como falhas na integração da cabotagem com as rodovias, como a necessidade de fornecer as placas dos veículos com antecedência para obter permissão de retirar as cargas nos portos.

Das 100 empresas que participaram do estudo, 68% responderam que planejam aumentar a carga transportada nos próximos dois anos. Desse percentual, o crescimento médio apontado foi de 36%. Já as empresas que preveem reduzir a quantidade de carga transportada por cabotagem somaram 9%, com expectativa média de diminuição em 62%.

Os setores mais interessados em ampliar a participação na cabotagem são higiene, limpeza, cosméticos e farmacêuticos, automotivo e autopeças, químico e petroquímico e alimentos e bebidas. Em contrapartida, dois terços das empresas de tecnologia e computação disseram que planejam reduzir o volume transportado.

O estudo pondera, no entanto, que apenas 9,6% da carga no Brasil é movimentada por cabotagem. O percentual é muito inferior ao registrado na União Europeia (37%) e na China (48%). Araújo vê com bons olhos o pacote de logística anunciado pelo governo na semana passada e afirmou que o mercado está ansioso para saber o que será divulgado no setor de portos.

“O governo entendeu que ele regula e planeja e o setor privado executa”, disse Araújo. No entanto, o diretor do Instituto ILOS destacou que os investimentos em infraestrutura vão demorar ainda de cinco a seis anos para trazerem resultados positivos, enquanto a redução da burocracia traria resultados mais imediatos.

A movimentação por cabotagem cresceu cerca de 4% ao ano nos últimos oito anos, passando de 148 milhões de toneladas transportadas em 2004 para 193 milhões de toneladas em 2011.

Araújo destacou que a rota Manaus-Santos-Manaus é a que tem o maior potencial de crescimento do volume de carga transportada. O porto de Santos, em São Paulo, é visto como o principal ponto de saída de carga por cabotagem, seguido de Paranaguá, no Paraná, e Manaus, no Amazonas. Já para receber carga, os portos de Manaus e Suape, em Pernambuco, são os portos com maior potencial, seguidos por Santos.

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