terça-feira, 19 de junho de 2012

Cúpula falha em reciclagem



ANTONIO PITA / RIO - O Estado de S.Paulo

Apesar de ser um dos principais temas presentes na Cúpula dos Povos, a coleta de lixo ficou de fora do evento 
no Aterro do Flamengo. Das cercas de 450 lixeiras instaladas, apenas 25 eram para materiais recicláveis. 
Nos três primeiros dias do evento, aberto oficialmente na sexta-feira, mais de 4 mil quilos de lixo não foram 
separados ou tratados para reciclagem.

Entre anteontem e ontem foram apenas 960 quilos de material reciclável coletados - cerca de 20% do total
 produzido no local desde o início do evento. Os dados são do Movimento Nacional dos Catadores de Material 
Reciclável (MNCR), que anteontem distribuiu no parque 25 sacos de coleta, com capacidade para 120 litros cada
 um. O restante do lixo foi recolhido pela Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), que não separa o 
material.

Inicialmente, a organização do evento previa a instalação de equipamentos para triagem e prensa do material 
no aterro. As máquinas chegaram a ser levadas para o aterro, mas não puderam ser utilizadas pois não cabiam 
no estande destinado ao MNCR.

"Só descobrimos isso na sexta-feira e encontramos essa solução improvisada. Este evento era para ser um
 exemplo, mas infelizmente isso não aconteceu", lamentou Claudete Ferreira, coordenadora regional do MNCR 
e catadora há 21 anos.

A organização da Cúpula aponta desencontro entre as informações repassadas pelo movimento e também
 lamentou a falta do espaço de coleta e seleção dos resíduos. "Eram equipamentos muito pesados e que 
demandavam um sistema de energia trifásico, que não nos foi informado inicialmente", afirmou Suzana Crescente,
uma das organizadoras.

Desperdício. Ao fim da cúpula, no sábado, todo o material recolhido será destinado a diferentes cooperativas
 do Rio para triagem, prensa e venda do material. Segundo estimativas de catadores, o material desperdiçado 
nos primeiros dias do evento poderia render até R$ 8 mil, a depender da qualidade e do tipo de resíduo recolhido.

"Muitas pessoas já se conscientizaram, mas ainda há muito o que fazer para que a reciclagem e a situação dos 
catadores seja vista com mais seriedade, afirmou João de Almeida, que por 15 anos foi catador no Aterro de 
Gramacho, o maior da América Latina, fechado no início do mês. Ele e outros agentes ambientais trabalham 
na Cúpula esclarecendo os visitantes sobre o tema e recolhendo material.
 
Por ANTONIO PITA / RIO - O Estado de S.Paulo

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