quarta-feira, 30 de maio de 2012

Um Não não dever pautar a nossa vida para sempre


Durante esta última semana tive a grata oportunidade de me reencontrar com uma amiga com quem desenvolvi um projeto alguns anos atrás. Fazia tempo que queríamos nos encontrar, e depois de muitas tentativas, enfim arrumamos espaços em nossas agendas.
Após colocarmos em dia algumas conversas, ela me confidenciou que estava meio chateada, pois estava mudando de área na empresa onde atua já faz muitos anos.
Apesar de demonstrar grande ansiedade pelos novos desafios que viriam a frente, se demonstrava um pouco chateada pela forma como a empresa agiu.
O motivo teria sido o fato dela ter sinalizado o interesse de atuar em certo projeto, e a empresa, por outros motivos, ter achado melhor que ela mudasse de área.
Segundo minha amiga, o fato da decisão ter sido tomado pela outra parte, no caso a empresa, fazia muito diferença, e a deixava em situação de desconforto.
Engraçada foi a maneira que ela usou para expor este mal estar. Para isso resgatou um antigo namoro que ela teve alguns muitos anos atrás.
Ela namorava um rapaz já fazia cerca de 8 anos, quando ele chegou para ela e comentou que tinha surgido um suposto interesse amoroso por parte de uma colega de trabalho.
Diante do eminente fim de relacionamento, ela sugeriu que ele fosse comprovar o quanto realmente este interesse por esta colega poderia ser recíproco.
Ficaram afastados durante alguns meses, até que ele voltou e pediu para reatar.
Ela muito tranquilamente teria tido “tudo bem”, mas agora você terá que me reconquistar.
E reconquistou, mas a verdade é que nada foi como antes, segundo ela, e logo terminaram definitivamente.
Qual a relação desta história pessoal com a situação corporativa?
Pois bem, devido ao fato do fim do relacionamento ter sido sugerido por ele, o mal estar ficou impregnado, como que se a história não tivesse acabada, simplesmente pelo fato da decisão não ter partido dela.
Algo similar, nas devidas proporções, era sentido agora também quando a decisão da mudança de área partiu da empresa e não dela.
Confesso que inicialmente cheguei a achar meio estranha esta história até mesmo porque ela se colocava no centro do universo, como se as decisões só pudessem ser consideradas efetivas e aceitas, se partidas dela.
Mas vamos e convenhamos, não são os nossos desejos e vontades que devem pautar a nossa existência bem como as ações que tomamos?
Isto nada tem a ver com desrespeitar os outros, mas sim de se respeitar.
O fato de supervalorizarmos as decisões quando tomadas por nós mesmo, não significa que aquelas tomadas por outrem não devam ser aceitas.
Devemos aceita-las, e muitas vezes acatá-las, mas é legitimo que o nosso desconforto fique nos incomodando.
Desta forma, o que passa a ser crítico e decisivo é garantir que nossos “amortecedores” não transformem estas questões em “cavalos de batalha”, normalmente “calçados” pela implicância gratuita ou até mesmo um sentimento de ser o único em condições a acionar a direito do veto.
Aceitar um “não” é nobre.
Insistir que um “não” se transforme em “sim” é um grande desafio, que nem sempre depende de nós.
Aprender com um “não”, as formas que potencializem um número infinito de outros “sim” é o mais prazeroso.
Autor:  José Renato Santiago
Fonte: http://www.jrsantiago.com.br

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