Diálogo e iniciativa são importantes para driblar tarefas que não têm a ver com sua carreira Tirar cópias de documentos, pagar contas em banco, buscar o lanche e o cafezinho do chefe são tarefas comuns do dia a dia para várias pessoas, mas extremamente desagradáveis para quem vai a uma empresa para aprender mais sobre a profissão que escolheu: o estagiário.
"Se o estagiário é subaproveitado ou desviado das funções estabelecidas em contrato, o primeiro passo é conversar com o gestor para tentar mudar a situação", ensina Giuliano Bortoluci, diretor-geral do portal Estagiários.com. Quando as rotinas não acrescentam nada para a formação do estudante, a principal estratégia é pedir para se envolver mais em atividades e projetos da empresa, mas não confrontar o gestor ou apenas se queixar a ele.
"Nas primeiras semanas na empresa é normal o jovem não realizar tantos trabalhos, pois, para muitas companhias, é um período de adequação do estudante à dinâmica da organização, como horários, hierarquia e regras do local", explica Renato Grinberg, diretor-geral da consultoria Trabalhando.com.
Mesmo que passe por dificuldade no início, o estagiário deve entender que está entrando em uma cultura diferente: o mundo corporativo. "Muitos jovens não se adaptam porque não estão acostumados a cumprir ordens e prazos.
Por mais que o estagiário seja dinâmico, ousado e criativo tem de se adaptar às normas da empresa para conseguir conviver e aprender", diz Reinaldo Passadori, presidentedo Instituto Passadori de treinamento e desenvolvimento humano.
Com o tempo, o estagiário começa a ser mais envolvido nas atividades de seu setor, mas, se com o passar das semanas as tarefas continuarem não tendo relação com a área de estudo do jovem, é precio agir. "O jovem profissional precisa estar disposto a mudar a situação, mostrando-se proativo e disponível para o trabalho e, numa conversa sincera com seu superior, deixar claro que está pronto para assumir novas obrigações", ensina Renato Grinberg.
Na opinião de Passadori, para ter argumentos 110 momento de pedir melhorias no estágio, o aprendiz deve ler com atenção o contrato, pois nesse doeu mento devem estar previstas as atividades a serem realizadas na empresa. "O profissional iniciante deve saber o que o espera na empresa e, caso o local onde estiver atuando não atenda às suas expectativas ou o que está previsto em contrato, ele deve procurar novas oportunidades."
Mas isso não significa tomar uma atitude intempestiva e simplesmente sair da empresa se as atividades não agradarem."É recomendável cumprir o contrato por, pelo menos três meses, pois é uma forma de mostrar profissionalismo", afirma Grinberg, da Trabalhando.com. Ele ressalta que se o jovem sair de um estágio para outro com pouco tempo de convivência em cada local por onde passa - mesmo que a sua saída seja por um motivo justo ele pode ser visto pelo mercado como sendo uma pessoa inconstante e inflexível.
Lugar de aprender
A Lei do Estágio (11.788), que entrou em vigor em 2008, ajudou a diminuir muito as situações em que o jovem profissional fica "encostado" sem desenvolver suas potencialidades. Essa é a opinião de Bortoluci, diretor do portal Estagiários.com.
"Além de garantir direitos como férias, a nova legislação estabeleceu regras claras sobre como deve ser conduzida a atividade e as empresas começaram a entender que o estágio é uma oportunidade para formar um profissional", destaca ele. "As companhias têm de emitir relatórios a cada seis meses sobre as atividades e fazer avaliações constantes dos estudantes, por isso sobra pouco espaço para abusos", diz.
Rafael Rabelo de Souza, de 24 anos, está no terceiro ano de ciências da computação e faz estágio na Vale Fertilizantes desde março desde ano. Ele conta que as primeiras semanas foram apenas de observação - o que não invalidou a importância da experiência.
"No período de observação pude entender como funcionava o meu setor. Em seguida, passei para as atividades práticas de atendimento a usuários, controle de softwares e de redes, entre outras", conta ele.
Na opinião de Souza, as tarefas cotidianas na empresa complementam a parte teórica da faculdade e ele se sente parte da equipe. "Meu estágio é focado na área que quero atuar e com o acompanhamento diário dos gestores e a entrega de relatórios semestrais à faculdade, tenho aprendido bastante e me dedicado para ser contratado."
Para o estagiário de marketing da seguradora Tokio Marine Raffael Fappiano, 17 anos, a experiência também tem sido proveitosa. Cursando o primeiro ano de publicidade e propaganda, o jovem conta que está no estágio há nove meses e tem participado ativamente das tarefas de sua área. "Fui aprendiz por um tempo na companhia e, por conhecer os processos da empresa, rapidamente fui integrado às funções do setor de marketing, como comunicação interna, programas de relacionamento e avaliação de propostas de agências", afirma ele. "Meu estágio tem tudo a ver com o que eu quero para minha carreira."
O consultor Reinaldo Passadori destaca que para ter sucesso no estágio, o jovem devese dedicar. ser participativo e perguntar muito sempre que tiver dúvidas. "Esse tipo de programa existe justamente para completar a graduação e consolidar, ou não as escolhas feitas no vestibular", diz. "Mostrar flexibilidade e disposição para aprender é fundamental para se firmar na carreira escolhida."
Dicas
» Pontualidade, discrição e boa vontade são importantes, principalmente nos primeiros dias de estágio, pois mostram que o candidato está disposto a colaborar com a empresa. Todo tipo de dúvida deve ser esclarecida com o gestor. Ele está preparado para isso.
» É importante ser flexível e se adaptar às regras da empresa, e ao mundo corporativo, um ambiente diferente da faculdade e do colégio, onde o estudante tem mais espaço para ser informal.
Fonte: Jornal da Tarde e http://www.trabalhando.com/detallecontenido/idnoticia/7738/para-aprender-de-verdade.html
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