quarta-feira, 25 de outubro de 2017

LOGÍSTICA: Programa de investimento tem 30 obras prioritárias

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) está finalizando um programa de investimentos logísticos que reúne as 30 obras prioritárias, capazes de gerar, com poucas intervenções, os impactos mais significativos para a competitividade do agronegócio nacional. O plano, que já está sendo debatido com o Ministério dos Transportes, deverá ser apresentado ao presidente Michel Temer em dois meses, informa Eumar Novacki, secretário-executivo do Mapa.
Grupos de trabalho - No momento, os grupos de trabalho dos dois ministérios estão empenhados em classificar as obras entre as que apresentam potencial para atrair investimentos privados, as que demandam uma estrutura de Parceria Público-Privada (PPP) e aquelas que são dependentes do aporte financeiro do Estado. A expectativa no Mapa é que os projetos de interesse privado possam ser licitados em 2018. "Vamos apresentar os projetos com sua lógica de viabilidade econômica, o que deve atrair o investidor", diz Novacki.
Médio e longo prazos - O programa inclui projetos de média e longa maturação em todos os modais logísticos. As obras prioritárias, segundo Novacki, foram escolhidas com base em dados sobre produção e corredores de escoamento da safra elaborados pela Embrapa Monitoramento por Satélite. "Adotamos critérios científicos, deixando de lado a subjetividade do interesse político", diz o secretário.
Sistema - Evaristo de Miranda, chefe-geral da Embrapa Monitoramento por Satélite, diz que foi desenvolvido um Sistema de Inteligência Territorial Estratégica (Site) com o objetivo de apresentar uma visão integrada sobre a macrologística do agronegócio. Foram estruturados bancos de dados geocodificados sobre produção, os fluxos de origem e destino da safra no território nacional até os portos de exportação e a retrologística dos insumos, além de detectar o avanço geográfico das novas fronteiras agrícolas. "Sabemos com antecedência os percursos que serão percorridos no escoamento da safra e os potenciais gargalos", diz.
Potencial - Segundo Miranda, a adequação da logística de escoamento tem potencial de agregar 32% de competitividade à produção nacional de grãos. "É mais do que o dobro de toda a agregação de valor que as tecnologias modernas de produção geram ao produtor rural, estimada em 12%", afirma.
Entrave - Luiz Antônio Fayet, consultor logístico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), diz que as péssimas condições logísticas do país inibem investimentos na expansão da safra agrícola, principalmente nas regiões Centro-Oeste e do chamado Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). "Poderíamos somar mais de cinco milhões de toneladas a cada safra de grãos, se os produtores contassem com uma logística de escoamento adequada", diz.
Perda de lucratividade - Segundo Fayet, entre os três grandes produtores de grãos do mundo, EUA, Brasil e Argentina, apenas o Brasil tem terra e capacidade de expandir a oferta de soja e milho. "Temos tecnologia, somos competitivos, mas perdemos lucratividade por conta do custo logístico", afirma.
Custo médio - Levantamento da CNA aponta que o custo médio de transporte da safra de grãos entre a lavoura e o porto no Brasil é de US$ 92 por tonelada, enquanto nos EUA é US$ 23 e na Argentina, US$ 20. O produtor do Mato Grosso, porém, paga US$ 126 por tonelada para levar seus produtos aos portos de Santos e Paranaguá, enquanto poderia gastar US$ 80 por tonelada, se tivesse as condições adequadas para exportar pelos portos do Pará. "Os produtores do Mato Grosso perdem US$ 1,2 bilhão por ano por conta da logística", afirma.
Prioridades - Entre as prioridades detectadas pela Embrapa está a expansão da infraestrutura de transportes do chamado Arco Norte, o conjunto de corredores logísticos que une os polos produtores do Centro-Oeste e da região do Matopiba aos portos da região Norte e Maranhão. Oito dos 30 projetos que serão propostas pelo Mapa com base no banco de dados do Site privilegiam essas regiões agrícolas.
Concentração - O Centro-Oeste concentra 42% da produção nacional de grãos, mas apenas 18,5% da safra é escoada pelos portos do Arco Norte, apesar de estes portos estarem mais próximos das regiões produtoras ao norte de Cuiabá (MT) e de mercados importantes como Europa, América do Norte e a rota do Canal do Panamá. "Parte significativa da soja viaja para o Sul de caminhão e volta ao Norte de navio, não faz sentido", diz Miranda.
Melhorias - Segundo o diretor da Embrapa, melhorias em três corredores logísticos seriam suficientes para direcionar a produção do Centro-Oeste para o Norte. As obras são a pavimentação da ligação da BR 163 ao Porto de Miritituba, no Tapajós, em Itaituba (PA), trecho que vira um atoleiro intransitável na época de chuvas; a duplicação da BR 364 entre MT e Porto Velho (RO) acompanhada da dragagem do rio Madeira; e a pavimentação de 201 km da BR 080, permitindo a ligação de regiões produtoras de Mato Grosso e Goiás à Ferrovia Norte-Sul e ao Porto de Itaqui (MA). (Valor Econômico)
Fonte http://www.paranacooperativo.coop.br/ppc/index.php/sistema-ocepar/comunicacao/2011-12-07-11-06-29/ultimas-noticias/115183-logistica-programa-de-investimento-tem-30-obras-prioritarias

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