sexta-feira, 4 de abril de 2014

Porquê eu contrato pessoas que falham

oops key showing mistake error or failure
Algumas semanas atrás escrevi sobre como evitar fracassos em mídias sociais. Eu brevemente mencionei o “Muro do fracasso” da nossa empresa e fiquei surpreso com o número de comentários e perguntas que recebi sobre o assunto. Qual é a finalidade? Como isso funciona? E que outros tipos de coisas vocês fazem nesse escritório louco de vocês?
O muro, ou parede do fracasso, fez parte dos nossos esforços para criar uma cultura na empresa onde os funcionários pudessem assumir riscos sem medo de represálias. Desde então começamos a recolher citações inspiradoras sobre o fracasso. Entre minhas favoritas:
  • “O sucesso é ir de fracasso em fracasso sem perder o entusiasmo” – Winston Churchill
  • “Eu não falhei, só descobri dez mil soluções que não funcionavam” – Thomas Edison
  • “Os erros são parte dos tributos que se paga por uma vida plena ” – Sophia Loren
Numa quinta-feira à noite, voltei a nossa sede depois do expediente com uma garrafa de vinho e uma caixa de tintas acrílicas. Meu assistente e eu usamos pincéis para pintar cerca de três dúzias das tais citações numa grande parede branca na nossa sala de descanso.
Depois de terminar a pintura, por volta de uma da madrugada, prendemos uma dúzia de canetas na parede, e ao lado estas instruções simples: (1) descreva um momento em que você fracassou, (2) o que você aprendeu, e (3) assine o seu nome. Para definir o tom, listei três dos meus mais memoráveis ​​(e humilhantes) fracassos.
No início, a situação foi recebida com surpresa, curiosidade e um pouco de trepidação. Nós não pedimos a qualquer pessoa para contribuir, e não dissemos às pessoas por que aquilo estava lá, mas a parede rapidamente foi preenchida.
Algumas das inscrições são lições de vida: “Depois de 7 anos de prática, parei de tocar violino na escola para “me encaixar”. Lição aprendida: quem liga para o que os outros pensam, acaba sendo infeliz”. Algumas são percalços financeiros: “Pensei que a compra da ação do Yahoo por US$485 fosse uma boa ideia”.
Eu já disse isso antes, mas vale a pena repetir: o sucesso através do fracasso não é uma contradição. Quando você comete um erro, você é forçado a olhar para trás e descobrir exatamente onde errou, e a formular um novo plano para a sua próxima tentativa. Por outro lado, quando você é bem sucedido, você nem sempre sabe exatamente o que fez certo para te fazer ter sucesso (muitas vezes, é sorte).
Nós não apenas incentivamos correr riscos em nossos escritórios: exigimos fracasso! Se você não falha de vez em quando, você provavelmente não está avançando. Os erros são os antecessores da inovação e do sucesso, por isso, é importante celebrar os erros como um componente central de qualquer cultura.
Este tipo de cultura só pode ser criada pelo exemplo – não vai funcionar se for forçada ou artificial. A cultura viva é nebulosa, indefinível, em constante mudança. Tente empacotá-la em uma declaração formal de missão e você só irá sufocá-la.
A melhor maneira de moldar a cultura é, naturalmente, se concentrar em contratar as pessoas que, em última análise compõem essa cultura. No entanto, esta norma é muitas vezes esquecida, substituída pelos valores corporativos, slogans e declarações de missão.
Foram necessários bilhões de anos para se criar e definir todas as grandes culturas do mundo – por meio de fracasso após fracasso – portanto é com muita  arrogância que nós executivos achamos que podemos criar e definir uma cultura para a nossa empresa. Para ser franco, as culturas não são criadas ou definidas pelos executivos, pois elas evoluem em torno das pessoas que compõem uma empresa.
Eu, pessoalmente, entrevisto todos os candidatos na nossa sede. Quando o currículo de um funcionário em potencial chega a minha mesa, os chefes de departamento estão convencidos de que o candidato pode fazer o trabalho. Mas para cada pessoa que acabamos contratando, eu ainda acabo entrevistando inúmeros outros candidatos altamente qualificados que estavam disputando o cargo. Eu estou procurando principalmente por compatibilidade cultural, e não há trabalho mais importante para um CEO.
Se não tivéssemos contratado as pessoas que prezam fracassos, minhas inscrições no muro do fracasso ficariam muito solitárias. Muitas vezes, ao entrevistar, eu fuço para ver se consigo fazer o candidato reconhecer um fracasso.
É um cartão vermelho para mim se um candidato não consegue admitir um erro com um pouco de humor autodepreciativo. A tendência de se esquivar de perguntas diretas, com uma resposta ao estilo de Miss América, pode de fato ser um grande trunfo na empresa de outra pessoa, mas não é uma boa opção para o sucesso na minha.
Fonte http://recursosehumanos.com.br/artigo/fracasso-cultura-da-empresa/?utm_source=Rede+O+Gerente&utm_campaign=dd9d528313-Recursos_E_Humanos_19_03_2014&utm_medium=email&utm_term=0_651183821a-dd9d528313-106172596

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