quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

A alma é o segredo da produtividade: Felicidade 3D

produtividade-felicidadeEstamos chegando ao final de um projeto onde procurei mostrar quais os fatores intangíveis que temos dentro de nós os quais quando, aplicados à nossa atividade profissional, são transformados em algo tangível, ou seja, que pode ser medido e avaliado e que é representado pela produtividade, pelos resultados e pelo lucro.
E felicidade no trabalho é o tema deste texto.
Mas antes, gostaria de deixar bem claro que felicidade nada mais é do que um estado de perfeita satisfação íntima. E como é íntima (está dentro de nós), ela é percebida de forma diferente pelos indivíduos.
O que me faz feliz pode não fazê-lo feliz. Aquilo que gera felicidade em uma pessoa pode não causar o mesmo efeito em outras, considerando que cada Ser Humano tem seus padrões, seus modelos mentais, etc. Devido a estas diferenças individuais, muitas pessoas nem percebem que felicidade existe.
Felicidade não se mede, mas se avalia, assim como seus efeitos e suas consequências.
Felicidade não tem dia e hora marcados para acontecer. Posso estar muito feliz em determinada época de minha vida e não sentir esta mesma intensidade em outra época.
Felicidade é um sentimento que, para ser alcançado, é preciso que se tenha vontade e predisposição. E para isso preciso exercer o poder das escolhas. Sim, é possível escolher entre o ser e se sentir feliz ou o seu inverso e já me referi a esse poder em texto anterior quando comentamos sobre livre arbítrio.
“Não existe caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho.”, ensina Gandhi.
Também já comentei que o mundo do trabalho atual caminha muito mais para uma economia de satisfação, realização e prazer do que para uma economia de dinheiro onde consumismo e aparência dão o tom.
Como é no trabalho (uma das nossas oito áreas) que passamos o maior número de horas de nossa vida, nada mais coerente que queiramos ser felizes naquilo que fazemos.
Muito mais que aumento de salário, promoções, bônus, o Ser Humano que trabalha e quer ser feliz busca muito mais “bens” intangíveis como reconhecimento, satisfação, respeito, sentir-se realizado pelo esforço e tempo empregados na conquista de resultados, ter orgulho de trabalhar naquela empresa, etc. Estes “bens” contribuem sobremaneira para que sua Vida tenha sentido e que o faça sentir-se importante (e não famoso) por seus pares e colegas de trabalho.
Muitos estudos tem demonstrado que felicidade no trabalho não está atrelada à condições financeiras, exceto para os “cumpridores de tarefas”, aqueles que cumprem sua tarefa e recebem um pagamento no final do mês e que não agregam significado algum naquilo que fazem e nem levam em consideração aquilo que a empresa lhe proporciona para seu desenvolvimento profissional; veem apenas a remuneração que vai atender suas necessidades básicas.
Talvez um dos fatores mais fundamentais para se alcançar um estado permanente de felicidade no trabalho seja descobrir e seguir sua vocação, também tema central de outro texto deste projeto.
Quem realiza seu trabalho seguindo sua vocação faz dele uma maneira de contribuir com algo maior em prol de outras pessoas, o que acaba se refletindo de forma positiva tanto no aspecto profissional como nas outras áreas da sua Vida.
Seligman cita o seguinte exemplo: “um médico que veja seu trabalho como uma tarefa a cumprir, e esteja interessado simplesmente em ganhar dinheiro, não tem vocação; já um coletor de lixo, que veja seu trabalho como a missão de fazer do mundo um lugar mais limpo e mais saudável para se viver, tem uma vocação”.
Vocação e felicidade são dois fatores intangíveis que, quando não percebidos, podem explicar porque muitas pessoas se demitem e vão procurar outros caminhos.
Enfim, ser feliz no trabalho talvez seja algo um pouco mais complexo daquilo que possa parecer à primeira vista.
Neste exato momento, que resposta você daria à pergunta;
- Você é feliz no trabalho?
Por favor, não responda de imediato SIM ou NÃO visto que esta pergunta pode ser desdobrada em outras três, o que chamo de tripé da felicidade no trabalho.
Gostaria de abrir um parênteses para dar minha visão do porque do tripé.
A palavra trabalho vem do latim tripalium, um instrumento de tortura constituído de três paus (daí o nome latino) enterrados no solo e onde eram colocadas as pessoas que seriam submetidas a algum tipo de tortura. Minha ideia foi transformar o tripaliumem um tripé onde cada “pé” é representado por uma pergunta.
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1ª – Você é feliz COMO e COM O QUE você trabalha?
A resposta a essa pergunta está dentro de você e diz respeito exclusivamente à você. Ela se baseia nas suas escolhas profissionais baseadas no seu dom, no desenvolvimento de seus talentos e na sua vocação.
Tendo pleno conhecimento, e consciente deles, você deixa de ser um mero “cumpridor de tarefas” e passa a construir sua carreira profissional.
Seguindo a tendência mundial, certamente sua carreira não será mais aquela tradicional, baseada na hierarquia, no emprego de longo prazo, na lealdade mútua entre empresa e colaborador e na obtenção de benefícios, status e poder.
Em uma abordagem mais moderna, Arthur & DeFillpi afirmam que “carreira é o caminho que cada um de nós escolhe para encontrar o significado de nossas vidas”.
Dentro deste contexto, a partir dos anos 90, surgem dois tipos de carreiras: a carreira sem fronteiras e a carreira proteana.
De acordo com Hall, isto ocorreu porque houve, a partir daquela data, uma mudança na qual as pessoas deixaram de ter expectativas profissionais de longo prazo dentro das organizações. Assim, houve uma mudança de foco referente à carreira, onde a importância passou a ser maior em alguns pontos, como:
  • mais foco em significado do que em dinheiro;
  • mais propósito do que poder;
  • mais identidade do que ego; e,
  • mais aprendizado do que o simples talento.
Tais carreiras estão calcadas no seu autogerenciamento e não mais limitada a empregos tradicionais e em conformidade com as leis trabalhistas.
A carreira passou a ser de inteira responsabilidade da própria pessoa. Ela a constrói sem seguir modelos pré-estabelecidos e sem limitações como, por exemplo, sem a preocupação se haverá rebaixamento do valor de seu salário na carteira profissional.
Esta evolução no conceito de carreira prioriza fatores como flexibilidade e independência entre o colaborador e a empresa, como preconizam Arthur & Rousseau.
Isto significa que você pode desenvolver sua carreira estando empregado, trabalhando de forma autônoma, terceirizado, como freelancer, etc. E tudo ao mesmo tempo, fazendo com que estes tipos de carreiras tenham muito mais mobilidade, flexibilidade e independência. Ou seja, hoje você está empregado, amanhã você é um freelancer e, depois de amanhã, você foi contratado para participar de um determinado projeto. Acabou aquilo do tempo dos nossos avós, onde eles iam trabalhar em uma empresa até a sua aposentadoria.
Por isso, esta nova tendência acrescenta o conceito de mobilidade da carreira.
Como as escolhas de como desenvolver seu trabalho passam a ser do próprio profissional, irá existir uma maior identificação entre seu trabalho e sua profissão, o que aumenta seu prazer, seu entusiasmo, seu engajamento e ele se sentirá mais feliz e, portanto, mais produtivo.
Nestes tipos de carreiras, o sucesso psicológico se superpõe ao sucesso financeiro. Quanto mais você trabalhar de forma a produzir melhores resultados, mais feliz se sentirá, maior será sua produtividade e mais ganhos financeiros serão auferidos.
2ª – Você é feliz COM QUEM você trabalha?
Aqui o foco está centrado nas pessoas com as quais você trabalha: pares, supervisores, gestores, líderes, superiores, fornecedores, clientes, acionistas, etc.
A resposta a esta pergunta está relacionada diretamente com seus relacionamentos interpessoais. E, como já sabemos, não existe dois seres humanos iguais.
O crescimento e o desenvolvimento de relações interpessoais longas e duradouras só dependem das próprias pessoas. E isto inclui o alinhamento dos mesmos objetivos, dos mesmos princípios e valores, dos mesmos potenciais, etc. Isto contribui para que tais relações favoreçam o autoconhecimento e sejam mais harmônicas.
Acredito que relações sólidas e duradouras estão baseadas em cinco princípios básicos: confiança, respeito, ética, perdão e transparência. Viver estes princípios em seu dia-a-dia é fundamental para a solidez dos relacionamentos.
E se pudéssemos juntá-los em uma única palavra, certamente esta palavra seria AMOR, o do tipo ágape, assexuado, abnegado e que foi proclamado por todos os profetas.
Sim, acredito piamente que podemos amar nossos semelhantes dentro do ambiente de trabalho. Pode até parecer uma ideia absurda, mas isto vai depender de cada um.
Tom Rath, autor de O Poder da Amizade, após entrevistar cerca de nove milhões de pessoas em 114 países, verificou que “quem tem amigos no trabalho é sete vezes mais produtivo, criativo e engajado em suas funções na empresa em relação ao funcionário isolado do convívio com os colegas e aqueles que conseguem estabelecer relações fraternais com pelo menos outras teres pessoas são 88% mais felizes em sua vida como um todo”.
A qualidade da nossa felicidade no trabalho está diretamente relacionada com as pessoas com as quais nos relacionamos. Colegas fofoqueiros, líderes autoritários, gestores despreparados, pessoas que só pensam em si, equipes mal estruturadas, são exemplos que podem tornar as pessoas tão infelizes a ponto de pedir demissão e buscar outro trabalho.
E aí, não adianta chorar sobre o leite derramado. Empresas perdem muitos de seus colaboradores talentosos por causa das más relações interpessoais.
Ligia Momm afirma que as pessoas só se apaixonam e se comprometem com o trabalho quando se sentem confiantes, integradas e respeitadas.
Confiança, integração e respeito são gerados por quem? Pelas próprias pessoas através de suas relações interpessoais.
3ª Você é feliz ONDE você trabalha?
Aqui o foco é a empresa e, principalmente, sua cultura corporativa e o ambiente de trabalho propriamente dito.
Para que a empresa contribua para a felicidade de seus colaboradores, ela deve desenvolver um ambiente “global” onde as pessoas se sintam acolhidas, ouvidas e onde tenham condições para desenvolver seu potencial, o que levará a um aumento do seu engajamento, de sua produtividade e de sua felicidade.
Wong lembra que “é na empresa que você vai viver o maior número de horas do seu dia e que você vai se dedicar para ter muito mais do que o salário. Você vai buscar o seu bem-estar e o de sua família. Você vai buscar sua identidade social e a sustentação de seus sonhos e projetos”.
Por isso as empresas estão se estruturando para mudar o ambiente de trabalho, tornando-o mais ergonômico, mais “aberto e arejado” e implantando novos programas, treinamentos constantes, novas estratégias e novos benefícios e bonificações; tudo isso para aumentar o bem-estar, a qualidade de vida e a felicidade de seus colaboradores em todas as suas oito áreas.
Abaixo cito alguns, apenas alguns, programas e alternativas que tem sido implementados por empresas que já consideram seus colaboradores como Seres Humanos Integrais:
dimensão física: assistência médica e odontológica, programas nutricionais, monitoramento de doenças crônicas, atividade física, palestras sobre saúde, etc.;
dimensão emocional: assistências psicológica, jurídica e psiquiátrica, auxílio ou seguro funeral, cooperativa de crédito, comemorações, prêmios por reconhecimento, etc.;
dimensão intelectual: ensino a distância, bolsas de estudo, cursos e treinamentos customizados, universidade corporativa, convênios com universidades, concursos (poesia, crônicas), etc.;
dimensão profissional: horário flexível, proibição de horas-extras, plano de carreira, home office, autonomia, coaching, mentoring, etc.;
dimensão financeira: plano de cargos e salários, participação nos resultados, remuneração extra por resultados alcançados, auxílio moradia, diferentes tipos de benefícios (salário indireto), etc.;
dimensão do lazer: desenvolvimento de hobbies (pintura, artesanato, artes circenses), sessão de cinema ou teatro dentro ou fora da empresa, viagens de confraternização, convênios com clubes, cinemas e teatros, etc.;
dimensão dos relacionamentos: festas, ações de confraternizações, trabalhos com comunidades, happy hourcasual day, etc.; e,
dimensão espiritual: capela ecumênica destinada às cerimônias de diferentes religiões, grupos de oração, pregação da palavra, etc.
Empresas da Era da Sabedoria devem se estruturar para que o local de trabalho seja a extensão da casa do colaborador. Um local onde ele se sinta bem, confortável e feliz.
A empresa deverá ter consciência que sua cultura, seus valores e os benefícios oferecidos, não contribuem diretamente para a felicidade do colaborador.
Sua felicidade no trabalho, e, consequentemente, sua produtividade, vem muito mais dos resultados por ele alcançados e da qualidade de suas relações interpessoais, como pode ser visto no quadro abaixo.
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Quando tudo isso é posto em prática, quando tudo isso trabalha de forma uníssona, em conjunto, coordenadamente, forma-se aquilo que eu denomino de ciclo virtuoso da felicidade no trabalho.
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Felicidade e produtividade caminham de mãos dadas. Quanto mais feliz estiver o colaborador, maiores serão seus índices de produtividade e, é claro, maior será o resultado e o lucro.
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A verdade é que o Ser Humano Integral nasceu para ser feliz e, no trabalho, a sua felicidade não depende somente dele, somente das pessoas ou somente da empresa.
Por isso o subtítulo deste texto: Felicidade 3D.
Felicidade que é vivida nas três dimensões, representadas, cada uma, por uma daquelas três perguntas; uma felicidade integral no trabalho.
Quando você, em conjunto com as pessoas e com a empresa, tiver como objetivo esta felicidade integral, este felicidade 3D, certamente produtividade, resultados e lucro se constituirão em uma relação ganha-ganha, perene e duradoura.
Todos ganham.
E quando todos ganham, todos ficam felizes.
Fonte http://favaconsulting.com.br/produtividade-felicidade/?utm_source=Rede+O+Gerente&utm_campaign=a156d8ae69-Fava_Consulting_08_01_2014_Grupo_OG&utm_medium=email&utm_term=0_651183821a-a156d8ae69-106172596

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