por Sirlene Farias
As redes sociais e profissionais ganham cada vez mais espaço nos processos de recrutamento das empresas, mas o “QI”, o famoso “Quem Indica”, continua reinando soberano quando o assunto é contratação. Levantamento realizado pela consultoria em RH LHH | DBM indica que 88% dos recrutadores acreditam que as recomendações são a forma mais efetiva de contratar executivos. “Nada substitui as relações pessoais. É a convivência que pode definir se uma pessoa está apta ou não a assumir responsabilidades”, afirma Jan Wigerinck, presidente da consultoria Gelre.
Algumas empresas buscam unir o poder das redes sociais e profissionais aos processos tradicionais de recomendação. Na IBM Brasil, a nova vedete das indicações é o Social Referreal, programa que utiliza as redes sociais dos funcionários em favor da empresa. “A ferramenta permite que nossos funcionários divulguem vagas da empresa para seu círculo de amigos nas redes sociais”, diz Rodrigo Souto, líder de Recrutamento da companhia. Apesar de ser uma nova forma de seleção, o executivo afirma já ter contratado profissionais por esse meio de recomendação.
Souto revela, no entanto, que a recomendação – pela ferramenta ou outro meio – não é fator predominante para a contratação. Jana André, supervisora da área de Atração de Talentos da companhia agrícola Monsanto, concorda com esse posicionamento. “A seleção dos candidatos é feita da mesma forma, independentemente de terem sido indicados ou não”. O que acontece, segundo a executiva, é que é mais fácil encontrar um profissional com as habilidades necessárias para uma posição quando esse foi recomendado por um colaborador. “A aderência ao perfil da vaga tende a ser maior quando o candidato vem por indicação interna”, afirma.
Outra justificativa dada pelas empresas pela preferência por avaliar candidatos recomendados é o custo dos processos de recrutamento. “Os processos seletivos para uma empresa do nosso porte consomem investimentos e tempo. Quando um funcionário indica uma pessoa para trabalhar conosco, sabemos que ele acredita e certamente está satisfeito com a empresa, o que diminui as chances do candidato desistir da vaga”, diz Flávio Henrique Ribeiro, diretor de RH da Atento, empresa de call center.
Em algumas situações, os funcionários também ganham com os programas de indicação. Na Monsanto, quando um candidato recomendado é contratado, o funcionário que o indicou ganha um bônus financeiro. “Os funcionários dominam a cultura da empresa e conhecem bem a área em que atuam. Isso os torna hábeis a indicar alguém que atenda a esse perfil”, comenta Jana.
A Atento possui iniciativa semelhante. Entretanto, o funcionário que recebe bonificação é aquele que foi indicado. “Temos um plano de bonificação que contempla pagamento a profissionais indicados ao cargo de teleoperador que passaram pelo período de experiência”, diz Ribeiro, em uma demonstração de que o benefício é um estímulo para que o colaborador recomendado permaneça na empresa.
Tanto Monsanto como Atento pretendem incrementar o número de candidatos que chegam por meio de indicação. A empresa agrícola, desde outubro do ano passado, procura aumentar a atratividade dos processos seletivos por meio do programa Você Indica. Na Atento, há o programa Indique um Amigo, que recebe, em média, dois mil currículos por mês.
Apesar do “QI”, engana-se quem pensa que não é preciso comprovar merecimento pela vaga para ser contratado. As empresas ressaltam que todos os candidatos passam pelos mesmos testes. “Na hora do recrutamento, todas as pessoas são iguais”, diz Rodrigo Souto, da IBM. E é assim mesmo que tem que ser. “Os candidatos indicados devem passar pelos mesmos critérios que enfrenta um profissional em um processo-padrão, como avaliação técnica e comportamental”, afirma Vivian Dib, diretora da Randstad Professionals.
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