Dono de um estilo único, conseguia transmitir sabedoria e experiência de maneira fenomenal, ao mesmo tempo em que, com seu tom de voz elevado e jeito direto (muito direto), fazia tremer absolutamente a todos que o pudessem escutar quando estava nervoso. E sempre estava nervoso. Paradoxo.
Na verdade a palavra paradoxo teria que ampliar seu significado para abarcar os contrapontos do comportamento deste homem. Por exemplo, sendo de família muito rica, é freqüentador dos melhores e mais caros restaurantes do país e do mundo. Já tive oportunidade de ser convidado por ele (aliás, sempre convida quem estiver ao redor) para almoçar em bons restaurantes em SP. Nada demais nisso. O que espantava era vê-lo chegar ao refeitório da obra e comer aquela comida sonsa e engordurada com a mesma naturalidade com que saboreava um filé argentino. Requintadamente simples.
Era capaz de gritar, esbravejar e trovejar uma rajada de intempéries para, 5 minutos depois, contar piadas espirituosas destilando um tipo de sabedoria que não se acha em livros, uma sabedoria que só se pode encontrar em quem sorveu a vida com olhos atentos e inteligência aguçada. Sendo extremamente bruto à primeira vista, é uma das pessoas mais sensíveis que tive o prazer de conhecer.
Com ele aprendi diversas lições nos dois meses em que tive a honra de sua supervisão. A principal delas:
Simplicidade. Não tem mais nem menos. Verborragia demais é desculpa. Não diga que vai fazer, apenas faça. Seja exato, rápido, direto. Conversa de sabonete não! Sim é sim, não é não, e cadê a p**** da medição deste mês! Já está pronta?!!!
Simplicidade. Não tem mais nem menos. Verborragia demais é desculpa. Não diga que vai fazer, apenas faça. Seja exato, rápido, direto. Conversa de sabonete não! Sim é sim, não é não, e cadê a p**** da medição deste mês! Já está pronta?!!!
Pragmático, autêntico, estourado, porém político. Embora saiba que o costume geral é tratar com mais deferência o diretor superintendente do que o porteiro, nota-se claramente que para ele são todos iguais. Sempre disposto a dar o crédito a quem é de direito, vê com prazer o crescimento daqueles que estão ao seu redor.
Ele joga o jogo, mas não se perde no jogo; esta é a grande diferença!
Enfim, hoje estou em outra empresa, com outros desafios e novas perspectivas, mas jamais vou esquecer dos dias tensos e dos aprendizados profundos que tive com “o cachorro velho”. Gosto de chamá-lo assim, pois o nome vem de uma de suas inúmeras fábulas que nos divertiam ao mesmo tempo em que engrandeciam o espírito. Aprendi mais com este homem em dois meses do que em 2 anos de MBA!
Aprendi que riqueza e simplicidade, força e sensibilidade, disciplina e bom humor, rispidez e afeto são aspectos que, mesmo aparentemente contraditórios, podem sim co-existir em pessoas de natureza nobre, espírito reto e inteligência complexa.
É por isso que dedico a ele, como forma de redenção, este primeiro texto de 2013; pois foram tão corridos os dias finais que não tive a oportunidade de agradecê-lo pelo respeito, confiança e aprendizado que me proporcionou naqueles dois meses tensos e quentes no nordeste do país.
Obrigado cachorro velho!! Não vou me esquecer do que aprendi!!
Fonte: http://fatordesucesso.com.br/simplicidade-sabedoria-oportunidade/
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