Não é apenas uma questão de investimentos que faz um atleta ser bem ou mal sucedido. Atletas que recebem milhões de reais de investimentos subestimaram adversários, ou, se julgaram imbatíveis, acabaram sem subir ao pódio.
Teremos poucas medalhas nessas Olimpíadas.
Bem, não parece novidade. Por mais que tenhamos milhões a mais de habitantes e atletas que muitos países que estão a nossa frente no quadro de medalhas, e, mesmo que o brasileiro “nunca desista”, isso é insuficiente para vencer.
Vencer requer uma crença forte, para não parar frente às dificuldades e obstáculos, ou subjugar os fatos. E também requer competência técnica, adquirida por meio de treinos, repetições, observação. E, talvez, uma das maiores qualidades: humildade para se considerar campeão só depois da medalha no peito!
Mas, infelizmente, adoramos endeusar atletas, como se não tivessem qualquer obrigação de ganhar, de vencer.
Talvez por que nos ensinam que o importante é competir, é o esforço. Sim, há um lado válido e valioso nesse discurso, mas, há muita demagogia e um semear de paralisação, de conformismo e de “ah, o que vier está bom”.
Porém, isso só funciona para as “celebridades”, para os atletas.
Já imaginou levar um ente querido seu ao médico, para uma cirurgia e, depois da operação o médico sai e diz: “me esforcei, mas, na hora “h”, cortei uma veia errada e o paciente não suportou”.
É como na hora “h”, depois de muito esforço, dar o salto e cair, sacar e ir para fora, bloquear sem tocar a bola, correr menos que os demais competidores, a bola bater na trave…
O esforço só vale à pena quando representa superação. Atletas paraolímpicos ou que não receberam um centavo de investimento e mesmo assim chegam à competição, seja o lugar que for à classificação, doutores que trazem à vida, mesmo que com sequelas, gente que já estava desenganada… aí sim o esforço tem valor
Numa empresa, quando se contrata alguém, não se espera dele nada além de vencer, ou seja, de fazer o melhor trabalho para o qual foi contratado, e, repetidamente, requer que supere as expectativas.
Se você é contratado para vender, tem que vender, bater, superar metas. Pouco valerá o esforço se todo final de atendimento o cliente diz “NÃO”.
Se você é contratado para construir uma casa, não adianta deixá-la linda, se, depois de seis meses as paredes começam a rachar, o piso a ceder. Ninguém vai enaltecer o esforço do construtor, e tem que ser assim mesmo.
Vejo um discurso demagógico em relação às olimpíadas, de que os atletas se esforçam para dar o seu melhor. Mas e os resultados?
Por que um trabalhador, quando não executa bem seu trabalho é demitido e pouca gente se lembra do seu esforço? Por que ele foi contratado para dar resultado, e não para se esforçar.
Adoro esportes, respeito os atletas, mas, precisamos parar de endeusá-los, afinal, Deus não erra, não se esforça… Ele faz sempre o melhor.
Não podemos condenar um trabalhador por seus erros, no entanto, amarmos a medalha de bronze, o quinto, o oitavo lugar, quando deveria ser o ouro. Eles receberam para isso, gastaram fortunas, não podem ir lá apenas para competir. Tem que ir para ganhar, como o vendedor porta a porta que levanta todos os dias (sem nenhum investimento público), e precisa vender, ganhar dinheiro, dar resultados.
Entendo as diferenças entre um trabalhador e um atleta: os atletas sabem que, de 10, 20 competidores, só há espaço para um primeiro lugar. Mas isso não deve servir de desculpa para não conquistá-lo.
Respeito, como disse, aqueles atletas que foram graças a muito empenho, emprestaram dinheiro de parentes, amigos e, tenham conquistado o que for, merecem nossos parabéns. Mas, ter uma fortuna de investimento e discursar com “vamos rever os erros, aproveitar para corrigir falhas…” é desolador e vergonhoso.
Há outra diferença também entre um atleta e um trabalhador: o trabalhador não tem o direito de errar, pois ninguém vai parabenizá-lo pelo esforço.
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