quarta-feira, 11 de julho de 2012

EngajaUmento



Partindo dos “comos” e chegando aos “porquês”
Se há uma grande verdade da Vida, é que tudo é dual. Sempre existem dois lados: dia/noite, felicidade/infelicidade, alegria/tristeza, etc.
No ambiente corporativo, isto não é diferente. Existem pessoas felizes e existem pessoas infelizes. Estas últimas geralmente trabalham sem propósito, trabalham apenas para ganhar dinheiro ou simplesmente para satisfazer seu ego devido à sua posição e o poder que dela emana.
Em linhas gerais, pessoas infelizes no trabalho provavelmente terão um engajamento muito baixo.
Engajamento, segundo o dicionário Aurélio, significa “empenhar-se em uma dada atividade ou empreendimento” ou, ainda, “por-se a serviço de uma idéia, de uma causa, de uma coisa”.
Quando você se engaja naquilo que faz, é grande a chance de você ser e estar feliz. Ou seja, você tem paixão por aquilo que realiza. E será esta paixão que fará toda a diferença na entrega dos seus resultados. É ela que o fará agir e fazer com que seu trabalho tenha significado na sua Vida. “Trabalho é fonte de Vida”, afirma o filósofo e educador Mario Sergio Cortella.
Cyro Martins ensina que “comprometer-se é apenas fazer o seu trabalho. Engajar-se vai muito além; trata-se de realizar algo com paixão”, conceito também adotado pelo Instituto Gallup.
Muitas pesquisas vem demonstrando que a falta de engajamento constitui-se em um grande agente bloqueador do crescimento da carreira profissional.
Apenas como um exemplo bem recente, a pesquisa realizada pela LAB SSJ mostrou que a porcentagem de falta de engajamento chegou a 73% e foi a maior entre os 12 tipos de comportamentos que impediam o indivíduo de crescer na sua carreira.
Neste ponto você pode perguntar a si mesmo: sou comprometido ou sou engajado?
E isto independe se você é um profissional autônomo, free lancer, tem carteira assinada, etc.
Não faz muito tempo, publiquei dois textos (“Carreira proteana – Uma tendência futura” e “Contatado ou  contratado”) onde explorei algumas idéias sobre o futuro do mundo globalizado do trabalho.
Estes dois textos tinham como alvo muito mais os jovens da geração Y do que osbaby boomers e representantes da geração X.
Isto porque são estes jovens de hoje que irão assumir, desde cedo, o controle direto e total de suas carreiras, identificando os potenciais a serem explorados, aprendendo com seus próprios erros, exercendo seu poder criativo e inovador, “vendo” novas oportunidades, correndo riscos, etc.
Entretanto, duas coisas bem básicas devem ter sido bem assimiladas:
  • você é único, em todas as dimensões do Ser Humano; e,
  • você está inserido em um Universo mutável, instável, volátil e imprevisível.
E você (microcosmo) é como o Universo (macrocosmo): está em constante mutação.
Portanto, é fácil compreender que se a sua carreira não estiver alinhada com as transformações que estão ocorrendo constantemente no mundo do trabalho, provavelmente você não estará devidamente preparado, não será reconhecido, sua autoestima estará em baixa e seu nível de engajamento, idem.
Aliás, Carter & Underwood, em seu livro O princípio da significância dizem que “a força motriz básica do comportamento humano é o desejo de ser aceito, compreendido, apreciado e reconhecido”.
E, no trabalho, para ser reconhecido, você precisa entregar resultados. Enquanto estes resultados forem aquilo que deriva de sua paixão, isto certamente lhe deixará feliz. E esta felicidade é o resultado de seu engajamento.
E será assim que você começará a ser visto. E será assim que que você vai se tornar o único responsável pelo desenvolvimento de sua carreira. Estando formalmente empregado ou tendo alguma outra forma de trabalho.
Dentro das organizações podem ser encontrados colaboradores engajados, desengajados ou ativamente desengajados.
O primeiro grupo é aquele que trabalha com paixão e se sentem orgulhosos em estar no quadro de funcionários da empresa e fazem com que ela prospere e caminhe para a frente.
O segundo grupo é composto por aqueles que consuderam mais o tempo dedicado ao trabalho, e não a paixão.
Já o terceiro grupo é composto por aquelas pessoas que veem o caos e a tristeza em tudo. São as “vítimas do sistema”. Além de não contribuírem para a melhoria do ambiente do trabalho, procuram destruir aquilo que o grupo dos engajados realiza.
O primeiro grupo é descrito no livro Liderança corporativa para o resultado De Ulrich, Zender & Smallwood com as seguintes palavras: “o capital humano é um dos poucos ativos capazes de aumentar de valor. A maioria dos ativos (prédios, fábricas, equipamentos ou máquinas) começa a depreciar no momento da sua aquisição. Ao contrário, o valor do capital humano, recurso impregnado nas mentes e corações das pessoas, pode e deve crescer como condição essencial para a prosperidade da empresa”.
E isto, independentemente, se a empresa for sua ou não.
Roosevelt, Finlayson & Diggiss demonstraram que os fatores que podem levar a um não engajamento são:
a – falta de senso de propósito definido e claro;
b – falta de condições para a realização de um trabalho que permita que cada um use seus dons e habilidades;
c – falra de oportunidades que incorporem aprendizado, maestria e responsabilidades crescentes;
d – falta de senso de identidade individual e grupal;
e – não desenvolvimento do orgulho conectado à performance individual e do grupo;
f – falta de liberdade de atuação;
g – mudança constantes de prazos; e,
h – não colocação dos olhos, ouvidos e coração na realização de um trabalho de qualidade.
Para medir i engajamento de colaboradores em uma empresa, a consultoria Gallup elaborou um questionário com 12 perguntas, as quais transcrevo abaixo, e que pode lhe ajudar a fazer uma auto avaliação sobre o seu nível de engajamento:
1ª -  Eu sei o que esperam de mim?
2ª -  Tenho os materiais e equipamentos necessários para realizar o meu trabalho corretamente?
3ª -  No meu trabalho, tenho a oportunidade de fazer o que faço de melhor todos os dias?
4ª -  Nos últimos sete dias, recebi reconhecimento ou elogios por realizar um bom trabalho?
5ª - Meu supervisor ou alguém no meu trabalho parece importar-se comigo como pessoa?
6ª - Há alguém no meu trabalho que estimula o meu desenvolvimento?
7ª -  No meu trabalho, as minhas opiniões parecem contar?
8ª - A missão/objetivo de minha empresa me faz sentir que meu trabalho meu importante?
9ª - Meus colegas de trabalho estão comprometidos em realizar um trabalho de qualidade?
10ª - Tenho um melhor amigo no meu trabalho?
11ª - Nos últimos seis meses, alguém em meu trabalho conversou comigo sobre o meu progresso?
12ª - No último ano tive a oportunidade de aprender a crescer no meu trabalho?
É bastante claro que se você for um profissional prestador de serviços autônomo oufree lancer, estas perguntas também poderão ser adequadas a você através da pessoa que o contratou.
É óbvio que neste mundo corporativo global, mutável e instável, as empresas devem desenvolver programas e estratégias para fazer com que as pessoas que lá trabalham se sintam únicas (uma verdade fundamental), essenciais e felizes com o que fazem.
O aumento do nível de engajamento, nos dias de hoje, também poderá ser avaliado por outras ações como respeito, confiança, adequação dos contratos de trabalho, mais autonomia e mais flexibilidade para o desenvolvimento das funções.
Aumento de salário, promoções, pacote de benefícios, já deixaram de ser fatores que poderiam aumentar o engajamento e a retenção de funcionários.
Interessante notar que uma pesquisa realizada pela Page Personnel com 200 profissionais com até 30 anos de idade, mostrou que os fatores que mais os motivam são:
a – projetos e desafios que permitem o desenvolvimento individual da carreira (42,2%);
b – paixão pelo trabalho (21,6%); e,
c – autonomia para planejar e/ou tomar decisões sobre assuntos que estão sob sua responsabilidade (15,7%).
Quanto mais a empresa fizer para que seu colaborador, ou quanto mais o prestador de serviço fizer, buscando sentido naquilo que faz e sendo mais feliz, mais esta pessoa:
  • terá de forma bem definida o entendimento de seus propósitos e de suas responsabilidades;
  • terá uma participação ativa bem maior;
  • será mais colaborativo;
  • saberá que correr riscos é inevitável;
  • sentir-se-á mais seguro;
  • entenderá o senso de urgência de algumas ações;
  • será mais produtivo;
  • buscará sempre alcançar os objetivos;
  • será mais focado no cliente;
  • gerará mais lucro;
  • será mais proativo e menos reativo;
  • terá menos chance de se afastar da empresa.
A professora Estelle Morin, de Montreal, ensina que: “quando alguém faz um trabalho significativo, desenvolve um sentido de identidade, valor e dignidade”.
Quanto mais o trabalho que você faz o deixar feliz, maior será sua paixão em fazê-lo e, como consequência, maior será o seu engajamento.
Por isso brinquei com esta palavra e acrescentei a letra U no título deste texto onde engajaUmento significa engajamento cada vez maior.
Se isto estiver sempre presente em tudo o que você faz, certamente você estará trocando o “como se faz” pelo “porque se faz” e, aí, você irá encontrar a razão e o significado para ser feliz no trabalho. E mais, você irá desenvolver uma carreira proteana, onde o sucesso psicológico é o objetivo principal, e não apenas o sucesso financeiro.
Quem fica nos “comos” é apenas comprometido, mas que chega nos “porquês”, certamente é uma pessoa engajaUda, altamente engajada.
Fava Consulting – Para viver com muito mais Qualidade

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