terça-feira, 29 de maio de 2012

Queda na exportação gera dúvidas sobre câmbio


A soja e o mercado brasileiro, motores que impulsionaram a exportação da Argentina nos últimos anos, diminuíram a potência em 2012 e fizeram com que o país apresentasse no mês passado a sua primeira queda mensal de vendas ao exterior em três anos. O resultado aumentou a aposta do mercado de que o governo argentino em breve será forçado a flexibilizar o câmbio. Em abril, a Argentina vendeu US$ 6,4 bilhões. São US$ 412 milhões a menos que no mesmo mês do ano passado ou US$ 475 milhões menos que em março
As piores perspectivas para o restante do ano partem da soja, e no caso da oleaginosa a culpa não é da demanda externa, que segue firme, com a tonelada cotada a US$ 505 na última sexta-feira, mas de fatores meteorológicos. Com a colheita praticamente finalizada, o mercado constata que as perdas provocadas pela seca no verão foram muito maiores do que as inicialmente previstas e devem fazer com que a safra fique em 39,9 milhões de toneladas. São 9 milhões de toneladas a menos que no ano passado, ou cerca de US$ 4,5 bilhões de perdas em exportações.
"O ritmo de vendas está cada vez mais lento", constatou o presidente da Associação da Cadeia de Soja (ACSoja), Miguel Calvo, para quem uma iniciativa da presidente Cristina Kirchner para aumentar a disponibilidade de dólares no país tornou o cenário ainda mais complexo. Há um mês, a presidente decidiu obrigar os exportadores a liquidarem suas divisas no país em um prazo de quinze dias. "Isto envolveu uma mudança de procedimentos no setor que freou a velocidade do comércio", afirmou.
O impacto da medida de Cristina teve o efeito inverso ao pretendido, segundo especialistas em comércio internacional: levou a uma redução dos negócios e da entrada de dólares em um momento em que as exportações já se desaceleram. "Em alguns segmentos, como o da indústria alimentícia e o de autopeças, a inviabilidade de se garantir as divisas neste prazo provocou o cancelamento de operações", disse o economista Mauricio Claveri, da área de comércio exterior a consultoria Abeceb.
A principal redução nas exportações da Argentina se deu, entretanto, em razão de problemas na demanda externa. A venda de automóveis para o exterior caiu de 42 mil veículos para 30 mil na comparação interanual de março, de acordo com a associação das montadoras, a Adefa, em um contexto onde 76% dos negócios são feitos com o Brasil. Os pátios lotados de automóveis nas fábricas do Brasil explicam o resultado.
Com o Brasil comprando menos e a Argentina com menos soja para vender, a previsão é que o fechamento do país às importações garanta apenas a repetição do mesmo superávit comercial do ano passado, da ordem de US$ 10 bilhões, de acordo com Claveri. "Como o país tem gastos fiscais crescentes, não conta com financiamento no exterior e deve honrar este ano US$ 7,5 bilhões com o pagamento de compromissos, a margem de manobra é mínima."
Fonte: Valor Econômico em 28/05/2012
Notícia postada pelo portal Logística Total
Fonte: http://logisticatotal.com.br/noticia/queda-na-exportacao-gera-duvidas-sobre-cambio/4abe17a1c80cbdd2aa241b70840879de

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