terça-feira, 22 de novembro de 2011

Mentiras no trabalho podem ser reveladoras


“Mentiras sinceras me interessam”. O refrão de “Maior Abandonado”, música composta por Cazuza e Frejat, do Barão Vermelho, pode ter feito sucesso nos anos 80, mas não é exatamente um “hit” no mundo corporativo. Mentir pega mal no ambiente de trabalho e revela um perfil inadequado de profissional. Para a consultora Marisa Urban, da Human Capital Consultores Associados, desculpas envolvendo o trânsito das grandes cidades para justificar um atraso no trabalho são comuns, assim como é bastante recorrente alegar problemas de saúde para justificar faltas. Botar a culpa em outra área da empresa para se esquivar da bronca pelo atraso de um projeto é outra mentira comum no dia a dia das empresas. Na avaliação da consultora, situações como estas revelam o perfil do colaborador mentiroso. “A pessoa está sempre culpando o outro ou algum fato e se isentando da responsabilidade”, diz ela.

Esses casos são fáceis de identificar devido à frequência das justificativas. “É o típico profissional que sempre tem o motivo ‘a’, ‘b’ ou ‘c’ para se atrasar e não perde o horário uma vez, mas duas, três, quatro”, observa. Para ela, a melhor maneira de a empresa coibir esse tipo de atitude é “treinar os gestores para não contratar esse tipo de pessoa, além de deixar claro para todos os colaboradores que alguém que mente tanto será, no máximo, um funcionário medíocre.“

Marcos Moraes, consultor da Leme Consultoria, tem uma visão um pouco diferente: “quando o colaborador falta ou se atrasa e apresenta uma falsa justificativa, pode ser reflexo de que algo não está bem”. Para o consultor, dependendo da produtividade do funcionário, o superior pode abonar a falta ou atraso injustificado ou exigir que ele compense em outra ocasião, fazendo com que sua a capacidade seja reconhecida mais pelos resultados apresentados do que pela assiduidade.

Liberdade e negociação

Na Apdata, empresa especializada em soluções de tecnologia da informação, a alternativa para evitar mentiras é compreender que as pessoas eventualmente precisam daquele tempo normalmente dedicado à empresa para resolver questões particulares. “Podemos citar o exemplo de um colaborador que será padrinho de casamento e foi claro na sua solicitação: ele precisava do dia para cuidar dos preparativos. O pedido foi aceito sem qualquer constrangimento”, afirma a presidente da Apdata, Luiza Nizoli. A executiva acredita que, ao adotar essa prática, a Apdata inibe qualquer possibilidade de mentiras para justificar faltas ou atrasos e isso contribui para a empresa ter um time de colaboradores com liberdade de expressão e negociação para fazer solicitações aos seus gestores diretos.

“Reforçamos que uma organização deve manter um relacionamento sadio e de total transparência com seus colaboradores, eliminando assim qualquer desconfiança de que alguém estaria levando vantagem na relação”, analisa Luiza e acrescenta: “Isso, sim, seria inadmissível”.

Concordando com Luiza, Moraes acredita que ao invés de gastar energia em coibir mentiras por faltas e atrasos, as empresas devem delegar aos funcionários a responsabilidade de cuidar de suas próprias atividades de tal forma que ele saiba quando pode usar algum tempo para resolver questões pessoais e não precise mentir. Ele ressalta, porém, que não há uma receita para todas as empresas: ”Essas medidas devem ser criadas de acordo com a cultura da organização”, conclui.
Fonte: http://www.canalrh.com.br/Mundos/gestaocarreira_artigo.asp?o=10AFDA2C-A2FA-4026-8B5D-46E499489B36

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