Alguns leitores me enviam e-mails achando estranho o emprego da palavra sintaxe em meus artigos. – E pedem uma explicação. – Então, vamos lá! Assim como precisamos de sintaxe gramatical para ordenar as palavras nas frases, creio ser preciso utilizar, também, de sintaxe em tudo o que requer uma boa compreensão. – Mas, o que vem a ser sintaxe? – É o arranjo, o entendimento, a ordenação das coisas em seus devidos lugares, principalmente dentro de nossas cabeças.
Nos últimos quatro ou cinco anos, por exemplo, o entendimento, a compreensão no que diz respeito ao meio ambiente tem sido absolutamente precário, medíocre mesmo – por dentro e por fora – das instituições e empresas. A devida compreensão da Gestão Ambiental requer aprofundados esclarecimentos, não obstante o detalhamento da Norma IS0 – 14001. Gestão Ambiental não é somente uma expressão da consciência e desejo por parte de uma organização qualquer. Ela requer instrumentação técnica e interpessoal para uma correta sintaxe mental de seus formuladores ou gestores.
Thomas Dyllick, suíço, um dos melhores especialistas em Gestão Ambiental ensina: “Se considerarmos a prática de proteção ambiental predominante hoje nas empresas, vamos constatar o domínio de tarefas técnicas. As áreas-problema relevantes são predominantemente emissões, resíduos, energia, água ou tratamento dos riscos. Simultaneamente, dominam até hoje as medidas de fim de linha para reduzir os impactos ambientais”. Tem razão Dyllick, pois na verdade os impactos ambientais resultam não só de processos de produção, mas também em função da destinação de produtos descartados (por exemplo, eletrônicos e sintéticos) ou em função do transporte (por exemplo, produtos químicos ou materiais perigosos) ou mesmo de armazenamento.
Não faz muito tempo, fui convidado a ministrar uma Palestra sobre Produção Limpa numa renomada instituição patronal industrial de São Paulo. Auditório com pouca gente, pelo tamanho, mas tinha lá umas setenta pessoas, todas em nível de diretoria de empresas. Expliquei a eles que Produção Limpa é uma filosofia proativa que permite antecipar e prever possíveis impactos. E pode ser utilizada ao longo de todo o ciclo de vida de um produto; desde a fase de projeto, passando pela fase de consumo até sua disposição final. Alguns participantes argumentavam, com impaciência: “Mas isso acaba custando muito dinheiro!” – E eu ponderava que negligência à proteção ambiental custa dinheiro da mesma forma. – Até mais, com frequência.
Lá pelo final de minha aula de quase três horas, um jovem executivo, faixa dos 35 anos de idade, terno bem cortado em alfaiate, me interrompe perguntando meio histérico: “Está bem, concordo com você em parte, mas aonde vou enfiar os meus resíduos de produção? – Minha paciência e educação impediram de dizer-lhe o lugar onde deveria enfiar os resíduos e a outra parte de suas discordâncias.
Hegel consola ensinando que “Em cada anoitecer dorme uma porção de luz”. – Mas, há quem desligue os fios dessa compreensão. – E aí não há sintaxe que aguente!
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