
O coração é um órgão que se localiza no meio do peito e funciona recebendo o sangue das veias e, como uma bomba, o impulsiona para as artérias. Por isso é um órgão oco, sendo que a ação de bombear o sangue é realizada pelo músculo cardíaco.
É considerado um dos órgãos mais potentes do organismo, apesar de ter o tamanho de um punho fechado e pesar, em média, 250 g nas mulheres adultas e 300 g nos homens adultos.
Mas a sua importância não se limita apenas ao aspecto orgânico. E é sobre isto, a “área do coração”, que quero discorrer neste texto.
Imagine que, do nada, alguém lhe acuse de um deslize ou de uma falta. E, entre surpreso e indignado, você vira para esta pessoa e diz:
- Quem? Eu?
Normalmente, e de forma inconsciente, seu dedo indicador vai apontar para o centro do seu peito. Duvida? Então faça o teste com outras pessoas, acuse-as de qualquer coisa e veja o resultado.
E você sabe por que isto acontece?
Nosso coração é considerado o “cérebro” das nossas emoções (boas ou ruins), a parte emocional de uma pessoa, a sede da afetividade.
A ele estão relacionados a coragem, o brio, o caráter, a índole, o vigor, o amor e o afeto, que são traduzidos por frases como:
- ter um coração de mãe – acolhimento, pertencimento;
- ficar sem o coração – ficar sem rumo, sem centro, sem norte;
- unir os corações – chegar a um acordo;
- ficar com o coração apertado – ficar triste ou magoado;
- lembrar com o coração – recordar momentos bons ou ruins;
- cortar o coração – causar grande dor ou constrangimento;
- sem coração – sem sentimentos, que não se deixa comover, indiferente;
- coração duro ou coração de pedra – insensibilidade;
- coração mole ou coração de manteiga – facilidade de se comover ou de se emocionar;
- coração de leão – demonstrar grande coragem;
- coração de ouro – generosidade, bondade;
- brigar com o coração – brigar com ousadia e intrepidez;
- abrir o coração – confidenciar, falar sobre coisas íntimas;
- estar com o coração partido – sofrer uma perda ou uma decepção.
É o órgão que se relaciona diretamente com o Amor, qualquer que seja o seu tipo: ágape, romântico, imediatista, platônico, doentio ou egoísta.
O simbolismo do Amor e coração expressa-se em toda a História do Homem, principalmente nas religiões. Veja, por exemplo, o “lugar secreto” do hinduísmo, o “coração circuncidado ou circuncisado” no Antigo Testamento ou o “sagrado coração” do cristianismo.
Para os egípcios, o coração era o único órgão que era deixado no interior das múmias como “centro” necessário ao corpo para a eternidade.
Nas tradições milenares, é considerado como um importante centro espiritual e o portal para atingirmos o Eu Superior, o estado de samadhi do yoga, o nirvana do budismo ou o reino dos céus do cristianismo.
O coração também é considerado um dos mais importantes símbolos do esoterismo. Para os esotéricos, existem três centros vitais e espirituais: o cérebro, o coração e as gônadas. Por se situar no meio deles, o coração tem uma função de manter o equilíbrio entre os outros dois.
Algo semelhante ocorre quando analisamos nossos chacras principais. O hinduísmo e o yoga ensinam que são em número de sete, os quais estão em estreita correspondência com nossas funções físicas, mentais e espirituais.
O chacra cardíaco, denominado em sânscrito de anahata, é o que se posiciona no centro dos outros seis (três superiores e três inferiores a ele) e é o responsável pela energização do sistema cardiorrespiratório.
Este chacra é considerado como o “canal de movimentação dos sentimentos”. Amor ágape, compaixão, equilíbrio, harmonia e paz estão do seu “lado positivo”. Desequilíbrio, instabilidade emocional, tristeza, raiva e ódio estão do seu “lado negativo”.
Tal chacra é considerado o centro das emoções, o centro do Amor e da sabedoria nas relações emocionais entre as pessoas.
A Ciência também já mostrou que em cada região onde se localizam os chacras, existe uma maior concentração de feixes nervosos e a presença de uma glândula de secreção interna.
Os neurônios do coração, apesar de formarem uma rede independente e autônoma da do cérebro, com ele se comunica através de diferentes nervos, influenciando, assim, nossas percepções e processos mentais.
Volto ao exemplo do “Quem? Eu?”
Por exemplo. Imagine que você é acusado e aponta o dedo indicador para si mesmo. Se a acusação for inverídica, certamente o coração irá acelerar e enviar à sua mente um estímulo cuja resposta poderá ser a raiva.
Na “área do coração”, além do próprio órgão e do chacra cardíaco, a glândula de secreção interna correspondente é o timo.
Anatomicamente, o timo se situa na região anteroposterior da cavidade torácica e está intimamente ligado ao nosso sistema imunológico através da produção de uma célula de defesa chamada linfócito.
O nome timo deriva do grego thymós, que significa energia vital.
É uma glândula que está diretamente ligada aos sentidos, à consciência e à linguagem. Quando surgem ideias negativas, ela “encolhe” e abre caminho para o aparecimento de doenças, pois diminui sua capacidade orgânica de defesa. Por outro lado, quando surgem ideias positivas, ela é ativada e “incha”.
Talvez esteja aí uma das razões que explicam o fato que pessoas pessimistas, com “baixo astral”, sejam mais propensas a adoecerem (física e mentalmente) do que as pessoas otimistas e com “alto astral”.
Bem, feitas todas estas considerações, você deve estar se perguntado: o que tudo isso tem a ver com produtividade?
Eu diria, tudo ou quase tudo. Mas, como diria Jack, o estripador, vamos por partes.
Provavelmente você já deve ter escutado a frase: “nenhum homem é uma ilha”, atribuída a John Donne (1572-1931), poeta inglês, quando quis dizer que nós, sozinhos, não somos ninguém, mas que fazemos parte de um Todo.
E isto se traduz diretamente pele nosso relacionamento interpessoal.
Na sua trajetória de vida, o Ser Humano está sempre se relacionando com outros Seres Humanos: pai, mãe, irmãos, familiares, amigos, colegas de trabalho, sendo que o crescimento e o desenvolvimento destas relações interpessoais só vão depender deles mesmos.
A partir do memento que tomamos consciência daquilo que compõe nossa “área do coração”, suas funções e sua interatividade com nosso cérebro, começamos a desenvolver outra maneira de vivenciar nossas relações interpessoais.
Quantas vezes, ao ser apresentado (a) a uma pessoa desconhecida, você teve a sensação de já conhecer aquela pessoa? Que, ao apertar a mão de alguém e falar “muito prazer”, você simpatiza ou não com ela? Ou, ao cruzar seu olhar com outra pessoa, você se sente atraído (a) por ela?
Bem, pesquisadores do Instituto Hearth Math mostraram que existe um tremendo campo magnético na “área do coração”, campo este cujo componente elétrico é, aproximadamente, 60 vezes mais forte que o do cérebro.
“Experimentos do Instituto Hearth Math forneceram provas notáveis de que o campo eletromagnético do coração pode transmitir informações entre as pessoas. Podíamos medir uma troca de energia cardíaca entre indivíduos que foram de até 1,5 metro de distância uns dos outros. [...] Os resultados destes experimentos levaram-nos a concluir que o sistema nervoso age como uma espécie de “antena”, sintonizado em campos eletromagnéticos produzidos por corações de outros indivíduos e respondendo para aqueles”.
Campo energético do coração
Quando este campo se alinha de forma congruente com o campo da(s) pessoa (s) com a qual (ais) nos relacionamos, certamente tais relacionamentos terão mais alegria e serão mais harmoniosos, mesmo havendo divergências de opinião sobre diversos assuntos.
Ao se transferir todo este conhecimento para o ambiente de trabalho, cria-se um ambiente muito mais saudável e acolhedor no que diz respeito às relações interpessoais.
Já me referi, em textos anteriores, e publicados no site, que existem cinco “ingredientes” para qualquer relacionamento prosperar, os quais foram agrupados na sigla C.R.E.P.T.: confiança, respeito, ética, perdão e transparência.
Quando estes cinco “ingredientes” são implementados no ambiente de trabalho através dos líderes e gestores, as relações entre as pessoas que compõem o time estarão criando e desenvolvendo alguns “climas”, os quais, de acordo com Vera Martins, são:
- clima de pertencer
A pessoa se sente importante por fazer parte dos resultados alcançados pela equipe, o que é importante para a sua autoestima.
- clima de cooperação
Segundo Vera, “a cooperação é uma coordenação de pontos de vista ou ações de diferentes pessoas, ou seja, cada membro da equipe é capaz de compreender os pontos de vista dos outros e adaptar sua própria ação ou opinião à deles.”
- clima de empatia
Empatia significa colocar-se no lugar do outro, buscando sentir o que ele está sentindo naquele momento, vendo a situação pelos olhos dele.
“Empatia significa que entendemos os sentimentos de outra pessoa, quais são suas necessidades, como ela vê as coisas e o que está tentando comunicar”, ensina Covey.
- clima de responsabilidade
Responsabilidade é não deixar o outro na mão, garantindo que a tarefa seja executada com exatidão e no tempo esperado, seja pelo cliente interno, seja pelo cliente externo.
- clima de comunicação mão dupla
Onde existe confiança e transparência, a informação flui de forma aberta e honesta e as pessoas se sentem à vontade para dar e receber feedback.
- clima de negociação de expectativas
Negociar expectativas é fundamental no ambiente de trabalho, pois clarifica e abre os canais de comunicação, à medida que fica acertado o que um (a) colega ou área pode esperar do outro (a) colega ou área.
Ainda com relação ao ambiente de trabalho, gosto de lembrar a pesquisa feita por Tom Rath, autor de O Poder da Amizade (Ed. Sextante, 2006). Após entrevistar milhões de pessoas em 114 países, ele verificou que quem tem amigos no trabalho é sete vezes mais produtivo, criativo e engajado nas suas funções quando comparado com aqueles funcionários isolados do convívio com os colegas. Para mais, aqueles que conseguem estabelecer relações fraternais com pelo menos outras três pessoas, são 88% mais felizes em suas vidas como um todo.
“De uma forma geral, nossa economia está mudando de uma economia de dinheiro para uma economia de satisfação”, ensina Seligman.
Daí a necessidade de nos sentirmos bem no local onde trabalhamos. Quanto mais satisfação tivermos, mais iremos trabalhar DE CORAÇÃO ou DE TODO O CORAÇÃO, isto é, colocando nossa alma naquilo que fazemos.
E este tipo de satisfação, prazer, paixão, gosto ou tesão podem ser traduzidos pela nossa automotivação para o trabalho. Aquele “calor”, aquele “fogo” que está no nosso interior e que reside na “área do coração”.
Você não concorda que tudo que se faz com Amor fica melhor?
E é isto que pode explicar o fazer melhor, o relacionar-se melhor e o produzir mais e melhor: enfim, fazer com que o aspecto profissional do seu Ser contribua de maneira gloriosa para que sua vida seja digna de ser vivida.
Talvez agora você possa entender algumas coisas a mais e não ficar pensando que o coração só serve para bombear o sangue para o organismo ou bater mais rápido em momentos de tensão ou bater mais lentamente em momentos de relaxamento.
Aprenda a usar melhor toda a sua “área do coração”. Sua Vida só vai lhe agradecer.
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