por Anderson Silva
A velocidade cada vez maior com que as pessoas substituem seus aparelhos eletrônicos por outros mais modernos, associada ao ritmo frenético dos lançamentos tecnológicos traz à tona o problema da reciclagem e do descarte correto. Todo ano, são produzidos no mundo 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico. O Brasil é o que gera maior quantidade de lixo por habitante. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cada brasileiro produz cerca de meio quilo de lixo eletrônico por ano.
Diante de dados tão preocupantes é crescente o número de empresas preocupadas com o descarte correto de aparelhos eletrônicos (celulares, baterias, computadores, câmaras digitais e outros) para evitar danos à saúde e ao meio ambiente. Os produtos que formam o e-lixo contêm metais pesados como chumbo, cádmio e mercúrio, além de outros elementos tóxicos.
Entre as ações adotadas pelas empresas interessadas em tratar adequadamente o lixo eletrônico estão desde a simples instalação de lixeiras especiais para recolhimento de pilhas e baterias até a utilização da logística reversa de computadores.
Responsabilidades
Os próprios fabricantes de equipamentos eletrônicos têm contribuído para a retirada do lixo eletrônico. A Itautec, especializada no desenvolvimento de produtos e soluções em informática e automação, implantou ainda em 2003 um projeto de reciclagem. Nos últimos cinco anos, foram reciclados mais de 9 mil toneladas de resíduos. “Somente no ano passado, reciclamos 4 mil toneladas, peso equivalente a 122 mil computadores e a mais de 3 mil caixas de autoatendimento”, diz João Carlos Redondo, gerente executivo de Sustentabilidade da empresa. “Além do reaproveitamento da matéria-prima em outros ciclos produtivos e da disponibilização de um serviço de descarte ambientalmente adequado aos clientes, auxiliamos na prevenção e minimização de danos ambientais que podem decorrer dessas atividades”, diz Redondo.
A Itautec criou um canal específico para atender interessados em entregar materiais para reciclagem. Por e-mail (sustentabilidade@itautec.com), a pessoa agenda previamente a entrega dos produtos. Os clientes, que possuem papel fundamental nessa cadeia, podem levar seus equipamentos usados a uma das filiais da Itautec espalhadas pelo País e que funcionam como pontos de recebimento.
Quando se trata de gestão de resíduos é importante contar com a participação dos usuários de equipamentos eletrônicos. Embora não seja fabricante de componentes eletrônicos, a empresa mineira de tecnologia da informação Landix promove ações para o descarte correto de pilhas e baterias. “Fazemos bimestralmente o sorteio de um vale-livro para quem trouxer mais pilhas. Classificamos baterias e as pontuamos de acordo com o tamanho e quem soma mais pontos ganha o presente”, diz Miguel Correia, diretor da empresa. Ele contabiliza um resultado positivo com essa iniciativa. A cada seis meses são recolhidos aproximadamente 50 kg de pilhas e baterias, que são encaminhadas para cooperativas de catadores para o descarte correto.
Ideia semelhante é utilizada na Habitacional, empresa administradora de condomínios. Ela instalou em prédios residenciais e comerciais caixas acrílicas que servem como depósitos de pilhas usadas. Em dois anos de programa foram recolhidos 120 quilos de pilhas que seriam jogadas no lixo comum pelos moradores dos 240 condomínios administrados pela Habitacional. A iniciativa, conta o diretor de condomínios Marcio Bagnato, surgiu da avaliação de que pequenas ações podem fazer a diferença. “O investimento foi pequeno, cerca de R$ 30,00 por caixa acrílica que fica localizada em pontos de fácil visualização nos condomínios”, explica. Semanalmente, o material é recolhido e levado a uma empresa parceira da Habitacional.
Problema ambiental
Apesar das iniciativas já existentes, ainda há muito a ser feito em relação ao lixo eletrônico. “Ainda estamos engatinhando nesse processo, mas já se observa um movimento maior da indústria nesse sentido”, diz o consultor Alessandro Azzoni, do Conselho Regional de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura da Paz (CADES) Vila Mariana, órgão ligado à Prefeitura de São Paulo.
O problema em relação aos resíduos eletrônicos é que boa parte dele ainda não tem destino adequado, indo parar em aterros sanitários ou lixões, fazendo com que os metais pesados, liberados pelos produtos, penetrem na terra, com o risco de atingir os lençóis freáticos e prejudicar o meio ambiente e a saúde. “O mercúrio é o principal metal pesado que esses componentes liberam. A contaminação à água e ao solo, com danos à saúde, é grande”, diz Estanislau Maria, coordenador da área de conteúdo do Instituo Akatu. Ele ressalta que é fundamental que a sociedade tenha acesso à informação sobre o assunto e aprenda a reciclar, descartando apenas o que realmente não for reutilizável.
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