segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Eu, a Moça do Caixa e o Tal do Sucesso

Esta semana fui comprar umas coisinhas em uma famosa rede de farmácias aqui perto de casa, e ao perguntar as horas para a moça do caixa que me atendia, ouvi:
São 9:50 da manhã moço… Infelizmente… e é segunda feira ainda…
Pela cara de dor e angústia quase ofereci a ela o analgésico que acabara de comprar.
Mas será que só essa moça do caixa sente tanto tédio e angústia em ter que… Arghhh, trabalhar?
Uma das maiores bobagens que a revolução industrial fez foi separar o trabalho da arte. Esse negócio de se trabalhar apenas como meio de subsistência, sem qualquer ligação emocional com o que se faz, é coisa recente. Antes que viessem as linhas de montagem, o cronômetro e as métricas, o trabalho dos seres humanos tendia a ter um significado maior, uma ligação emocional legítima.
Mesmo quem era, por exemplo, um escudeiro, um serviçal, um vassalo, enxergava algum sentido naquilo. A vida podia ser mais sofrida, mas também parece que era menos vazia. O que indica que sofrer com sentido pode ser menos penoso do que ter uma vida confortável que não signifique nada.
Já o artista escapou disso. Se você tem amigo artista deve saber. Tá certo que em geral não lidam muito bem com dinheiro, poucos costumam se “organizar” gerencialmente e a maioria vai se equilibrando como pode para pagar as contas e construir uma vida financeira menos complicada. Mas são felizes de dar gosto!
A moça do caixa, coitada, não é artista nem ganha dinheiro. Detesta o que faz.
Um amigo que trabalhava comigo em SP em uma grande multinacional, todos os dias ao chegar ao metrô pra voltar pra casa dizia: Menos um! (Ou seja, menos um dia da semana pra chegar a sexta.)
Isso é vida?
Uma coisa é o sujeito trabalhar 12 horas por dia como empresário, executivo, jornalista ou depenador de galinha porque “adora” fazer isso. Tem gosto pra tudo.
Outra coisa é ser produtivo por obrigação ou escolher uma carreira por razões exclusivamente financeiras. Sugiro fortemente que você não faça isso, porque corre o risco de ficar infeliz e continuar pobre. É que você dificilmente vai ser bom fazendo algo que não gosta de verdade.
Eu trabalho com desenvolvimento profissional e tenho uma empresa chamada Fator de Sucesso. Isso não quer dizer que eu acredite que você tenha que vender a alma ao capitalismo e dar um jeito de ficar rico e famoso. É Fator de Sucesso, não é “Fator de Dinheiro”.
E sucesso, em minha humilde opinião, é conseguir aquilo que você quer! Estamos muito acostumados a dizer que fulano é bem sucedido porque tem dinheiro. Às vezes o sujeito vive ansioso, não tem tempo pra nada, vive mal com a família, briga com todo mundo, mas é um sucesso!
E a moça do caixa?
Está lá e parece que lá vai continuar por um bom tempo. Tem duas possibilidades: ou ela em breve descobre algo que gosta mesmo de fazer e sai dali, ou passa a vida gastando 8 horas de seu dia numa tarefa em que não vê sentido e se aposenta pela previdência pública.
Com a ruptura entre a arte e o trabalho instituíram as cadeias de consumo e colocaram “gente” pra fazer serviço mecânico; pra embalar frango, pra carimbar cartão, pra rasgar ingresso, pra encher copo de refrigerante, pra etiquetar caixas.
Se você tem um trabalho com o qual se identifique, agradeça todos os dias, isto é um PRIVILÉGIO! Se estiver ficando rico com isso, parabéns. Se não estiver, pense bem pois talvez você venha a descobrir que existem compensações, e provavelmente a maior delas é estar vivendo de forma alinhada com suas emoções.
Não se engane com o que vê por aí. O mundo está lotado de autômatos com o bolso meio cheio e a alma meio vazia.
Quem vai salvar a moça do caixa eu não sei. Alguém se habilita?
Até mais.

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