terça-feira, 17 de julho de 2012

Apertem os cintos que os aeroportos estão lotados



O filme Apertem os cintos que o piloto sumiu ficou famoso e agradou milhões. No entanto, apertar os cintos agora não é porque o piloto sumiu, mas sim pela falta de condições que os terminais aeroviários brasileiros apresentam. A Fifa havia alertado, agora chegou a vez de o Comitê Olímpico Internacional (COI) fazer o mesmo. Apertados, desorganizados e com excesso de voos, os aeroportos merecem um pontapé no traseiro. A saudável ascensão financeira das classes C, D e E fez com que milhares de patrícios viajassem de avião. Mas a realidade embarcou junto com os novatos. Terminais mal administrados no geral, como costuma acontecer quando o poder público atua, diretamente, naquilo que é, por vocação e agilidade, tarefa de particulares. Piorando, as aerovias, com as exceções, sempre fazem escala em São Paulo. Nas férias de julho, pode-se observar que temos passageiros sobrando e instalações de menos em terra e aviões demais no ar. Apesar da importância em sediar a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, pelos efeitos secundários, muito mais do que estádios faraônicos, a economia como um todo não terá grandes repercussões, salvo o incremento do turismo.
É que a economia do Brasil é muito grande para que seja puxada fortemente pela Olimpíada, avalia Alberto Ramos, chefe de Pesquisa para a América Latina do Goldman Sachs, em Nova Iorque. Ele confirma que um dos principais benefícios são os investimentos em infraestrutura, que acabam acelerados pela realização dos Jogos no Rio de Janeiro, em 2016, e da Copa do Mundo, em 2014. O governo brasileiro estima que até US$ 50 bilhões, ou 2% do PIB, serão gastos nas preparações para os dois eventos. Sem a Olimpíada ou a Copa, o Brasil provavelmente não investiria tanto.
Existe, como em Porto Alegre, um valor intangível que não dá para precificar, pois o evento dá prestígio e mostra a importância do País no cenário global. Porto Alegre, há 62 anos, sediou jogos da Copa de 1950, no estádio dos Eucaliptos. Mas no Rio, precisando apenas de um empate, o Brasil perdeu para o Uruguai por 2 X 1. Foram 200 mil pessoas no Maracanã que fizeram um silêncio ensurdecedor. Se no futebol aprendemos a lição da humildade, em organização estamos perto do bom, distantes do melhor e, tragicamente, próximos de fazer fiasco em 2014. Terminais acanhados, acessos difíceis, obras que não foram iniciadas e tudo parece se reduzir a estádios. Mas, não, faltam pistas e aeroportos e há preços fantasiosos para poucos assentos em aviões que voam quase sempre lotados de empresas que registram prejuízos.
Enfim, saímos de uma aviação elitizada capitaneada pela Varig - cujo nome cada vez mais vem junto com o adjetivo de “saudosa” - e popularizamos os voos mas estamos perdendo na infraestrutura. Pelo que se tem visto nestas férias de julho nem apertando ainda mais os cintos decolaremos para longe da confusão. O que funciona é a chamada rouca, sem a voz aveludada de antes, anunciando: “Clientes com necessidades especiais, mães com crianças de colo, os da melhor idade e gestantes terão preferência no embarque”. É pouco. Cinco anos depois de recebermos a Copa do Mundo, levaremos uma goleada na aviação.

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