GERENCIAR ATENÇÃO

CANSEI DE CAFÉ COM COCA-COLA: As jornadas noturnas em agências de publicidade nunca fizeram a cabeça do diretor de marketing digital João Vargas. Agora, ele trabalha das 10h às 18h. Acabou a procrastinação
Crédito: Stefano Martini
Crédito: Stefano Martini
Listar o que é importante — e desempenhar cada item com atenção até o fim — é um mandamento comum nos métodos de gestão de tempo. Mas essas listas ficam mais eficientes e contribuem para um trabalho de maior qualidade quando consideram o que nos motiva — e não apenas uma série de obrigações chatas que só nos desestimulam. “Isso acontece quando nos restringimos a controlar nosso tempo enquanto, na verdade, deveríamos gerenciar nossa atenção”, diz Linda Stone. Sob essa ótica, o que deve ser feito e, principalmente, o que não deve ser feito, se baseia em nossas emoções e intenções. Esse gerenciamento emocional do tempo também aparece na proposta de um método criado por Leo Babauta, o Zen To Done. Ele se resume a algo bem simples: priorizar o que é relevante, focar no presente, e desempenhar até o fim. Ao definir essas prioridades, Babauta recomenda que entrem tarefas ligadas a objetivos maiores na vida, àquilo que você quer fazer, não somente ao que deveria ou precisa.
Restringir-se a check lists e prazos só aumenta a sensação de sufoco e angústia tão comuns em nosso tempo. “Nem sempre dá para aplicar tudo isso na prática, mas ter como meta já ajuda bastante”, diz Augusto Campos, 37 anos, de Florianópolis, que trabalha com planejamento e gestão estratégica em uma grande empresa. “Às vezes preciso dizer não para algumas interrupções e solicitações”, afirma Augusto, que melhorou seus resultados e diminuiu os prazos, além de evitar que tarefas do trabalho invadissem seu tempo livre. Linda Stone diz ser mais eficiente quando segue o que chama de “jornada emocional”: “Quais são as tarefas que realmente quero fazer e por que as prefiro? É assim que escolho com o que vou me comprometer naquele momento”.
Para participar ativamente das 5 empresas em que é sócio, o empreendedor João Paulo Cavalcanti, 28 anos, de São Paulo, divide seu dia em momentos de imersão em cada projeto. “Conseguir entrar nos diferentes ritmos de cada atividade e dedicar-se a elas amplifica a capacidade de realizar. Ser monotasker é a única maneira de ser múltiplo”, afirma João, que tem uma start-up de internet, é vice-presidente de uma agência de tendências e participa de mais outras 3 empresas na área de pesquisa e tecnologia. João dedica entre uma e duas horas a cada atividade (projeto, reunião ou tarefa). Mas isso não significa que ele se preocupe com extensas listas de afazeres. Apenas coloca seu foco de maneira integral naquilo que acha mais importante. “Muitas pessoas reclamam que eu não respondo a e-mails ou mensagens. Mas eu respondo àquilo que é crucial, que fará diferença de fato”, afirma. João usa um aplicativo de gerenciamento de tarefas, o Things, no iPhone, para ajudá-lo a listar as prioridades.
E também um software, o Mindmeister, em que faz um mapa mental de suas ideias e, assim, consegue definir o que realmente vale sua atenção. Para ele, isso é suficiente. Mas reconhece: “Uma boa secretária é um salto quântico na vida de um monotasker”.
Restringir-se a check lists e prazos só aumenta a sensação de sufoco e angústia tão comuns em nosso tempo. “Nem sempre dá para aplicar tudo isso na prática, mas ter como meta já ajuda bastante”, diz Augusto Campos, 37 anos, de Florianópolis, que trabalha com planejamento e gestão estratégica em uma grande empresa. “Às vezes preciso dizer não para algumas interrupções e solicitações”, afirma Augusto, que melhorou seus resultados e diminuiu os prazos, além de evitar que tarefas do trabalho invadissem seu tempo livre. Linda Stone diz ser mais eficiente quando segue o que chama de “jornada emocional”: “Quais são as tarefas que realmente quero fazer e por que as prefiro? É assim que escolho com o que vou me comprometer naquele momento”.
Para participar ativamente das 5 empresas em que é sócio, o empreendedor João Paulo Cavalcanti, 28 anos, de São Paulo, divide seu dia em momentos de imersão em cada projeto. “Conseguir entrar nos diferentes ritmos de cada atividade e dedicar-se a elas amplifica a capacidade de realizar. Ser monotasker é a única maneira de ser múltiplo”, afirma João, que tem uma start-up de internet, é vice-presidente de uma agência de tendências e participa de mais outras 3 empresas na área de pesquisa e tecnologia. João dedica entre uma e duas horas a cada atividade (projeto, reunião ou tarefa). Mas isso não significa que ele se preocupe com extensas listas de afazeres. Apenas coloca seu foco de maneira integral naquilo que acha mais importante. “Muitas pessoas reclamam que eu não respondo a e-mails ou mensagens. Mas eu respondo àquilo que é crucial, que fará diferença de fato”, afirma. João usa um aplicativo de gerenciamento de tarefas, o Things, no iPhone, para ajudá-lo a listar as prioridades.
E também um software, o Mindmeister, em que faz um mapa mental de suas ideias e, assim, consegue definir o que realmente vale sua atenção. Para ele, isso é suficiente. Mas reconhece: “Uma boa secretária é um salto quântico na vida de um monotasker”.
PRESSÃO MULTITASK
Em seus estudos sobre foco, Linda Stone dividiu as últimas décadas no que ela chama de Eras de Atenção, que mudam a cada 20 anos. Em 1965 teve início a era do multitask simples. “No intuito de se fazer o máximo possível, inventamos as tecnologias e processos”, diz. Com o surgimento da web, levamos essa ânsia de sermos múltiplos ao limite. “A motivação passou de ‘eficiência’ para ‘não perder nada’, o que nos empurrou para atender a todas as ligações, responder a todos os e-mails”, diz Linda. “A superabundância de ferramentas e gadgets provocou uma sobrecarga digital”, afirma David Lavenda, diretor de marketing da empresa de pesquisa Harmoni.e. Em seu recente levantamento, 85% dos entrevistados afirmaram acessar o e-mail profissional nos finais de semana e quase metade segue conectada quando já está na cama.
O empreendedor Guilherme Komel, 37 anos, que presta serviços na área de internet no Vale do Silício, na Califórnia, o centro mundial de tecnologia, acredita que ser bom de negócios é entregar resultados. “Se a sua tarefa é responder a e-mails 24 horas por dia, 7 dias por semana, não ficar com seu Blackberry sempre ligado parece ruim”, diz Komel, que já viveu tempos em que acordava de madrugada para checar mensagens no celular. “Até que um dia senti que esses aparelhos eram controles remotos de gente”, diz. Hoje, Komel escolhe um lugar quieto para trabalhar, longe das distrações do MSN ou, como ele mesmo diz, de conversa fiada. “Sou monotasker porque prefiro bons resultados e rapidamente.”
Não é fácil desligar-se quando a expectativa, das pessoas e das empresas, é que se faça tudo ao mesmo tempo e se aceitem tranquilamente as interrupções. “Competência e desempenho são questionados, como se o fato de preferirmos desempenhar uma tarefa de cada vez nos tornasse menos capazes”, diz a administradora Patrícia Martins, 29 anos, do Rio de Janeiro, que trabalha em uma petrolífera. Patrícia é focada por natureza. Até 3 meses atrás, sequer tinha conta no Facebook. “As pessoas me olhavam como se eu fosse um ET quando eu dizia isso.”
No trabalho, Patrícia faz listas diárias de afazeres e mantém uma regra de ouro: jamais iniciar tarefas que não estão listadas. Se não estão lá é porque não são importantes naquele momento. “Foi a maneira que encontrei de me adaptar às exigências de uma vida corrida. Sinto um alívio enorme quando termino uma tarefa”, diz. Santana Dardot, 35 anos, diretor de negócios e planejamento de uma agência de comunicação online, em Belo Horizonte, também sente que, ao fazer uma coisa de cada vez, tira uma preocupação da mente. “A ansiedade baixa e o trabalho flui mais leve e com mais foco”, afirma. A sensação de missão cumprida finalmente chega logo, algo cada vez mais raro em nossos dias.
O empreendedor Guilherme Komel, 37 anos, que presta serviços na área de internet no Vale do Silício, na Califórnia, o centro mundial de tecnologia, acredita que ser bom de negócios é entregar resultados. “Se a sua tarefa é responder a e-mails 24 horas por dia, 7 dias por semana, não ficar com seu Blackberry sempre ligado parece ruim”, diz Komel, que já viveu tempos em que acordava de madrugada para checar mensagens no celular. “Até que um dia senti que esses aparelhos eram controles remotos de gente”, diz. Hoje, Komel escolhe um lugar quieto para trabalhar, longe das distrações do MSN ou, como ele mesmo diz, de conversa fiada. “Sou monotasker porque prefiro bons resultados e rapidamente.”
Não é fácil desligar-se quando a expectativa, das pessoas e das empresas, é que se faça tudo ao mesmo tempo e se aceitem tranquilamente as interrupções. “Competência e desempenho são questionados, como se o fato de preferirmos desempenhar uma tarefa de cada vez nos tornasse menos capazes”, diz a administradora Patrícia Martins, 29 anos, do Rio de Janeiro, que trabalha em uma petrolífera. Patrícia é focada por natureza. Até 3 meses atrás, sequer tinha conta no Facebook. “As pessoas me olhavam como se eu fosse um ET quando eu dizia isso.”
No trabalho, Patrícia faz listas diárias de afazeres e mantém uma regra de ouro: jamais iniciar tarefas que não estão listadas. Se não estão lá é porque não são importantes naquele momento. “Foi a maneira que encontrei de me adaptar às exigências de uma vida corrida. Sinto um alívio enorme quando termino uma tarefa”, diz. Santana Dardot, 35 anos, diretor de negócios e planejamento de uma agência de comunicação online, em Belo Horizonte, também sente que, ao fazer uma coisa de cada vez, tira uma preocupação da mente. “A ansiedade baixa e o trabalho flui mais leve e com mais foco”, afirma. A sensação de missão cumprida finalmente chega logo, algo cada vez mais raro em nossos dias.

Fonte: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI269850-17773-2,00-FACA+UMA+COISA+DE+CADA+VEZ+E+SEJA+MULTIPLO.html
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