No Brasil, apenas 11% dos egressos de cursos de graduação tiveram (ou tem) uma experiência empreendedora real
Não há dúvida de que o crescimento de qualquer nação tem, como premissa, a criação de trabalho e renda. E que a criação de novas empresas, ou expansão das existentes, é um elemento-chave. Ao graduar-se, o egresso da Universidade tem, como lógica prevalente, a busca de um emprego. Por que a opção de iniciar um negócio não está entre as alternativas de carreira deste aluno?
No Brasil, apenas 11% dos egressos de cursos de graduação tiveram (ou tem) uma experiência empreendedora real, conforme atesta a Endeavour Brasil em seu relatório “Empreendedorismo nas Universidades Brasileiras”, que envolveu quase 5000 estudantes. Mas 63% dos entrevistados relatam ter tido alguma disciplina ligada a Empreendedorismo durante o curso.
Por que a efetividade é tão baixa? E o que fazer para melhorá-la?
Aparentemente, uma atividade desconectada e formal em uma disciplina não é suficiente para causar o impacto necessário para se ter a mudança cultural nos formandos. A criação de um ecossistema voltado ao empreendedorismo aparece, assim, como uma das respostas. Há várias ações neste sentido, como a estruturação do curso do Babson College, nos Estados Unidos, na qual foram inspiradas iniciativas semelhantes, como o Insper, em São Paulo.
O Instituto TIM, em parceria com a Universidade de São Paulo, iniciou uma nova prática, centrada na ideia de criação de empreendimento a partir do produto gerado durante o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). O programa, denominado Academic Working Capital (AWC), foi iniciado em 2015 com 12 grupos de 4 universidades públicas, resultando na criação de pelo menos 3 startups. A edição de 2016 conta com 26 grupos, dos quais espera-se a geração de pelo menos uma dezena de novas empresas
Por que o TCC? Paul Graham lista as razões centrais por que este momento, no final da graduação, é ideal para empreender:
· Consegue-se trabalhar muitas horas sem precisar dormir. Estudar na véspera de provas é um bom treinamento…
· As “necessidades” e os “luxos” são poucos. Jantares e carros não são tão essenciais…
· Falta de raízes, que permite mudar com facilidade de uma ideia à outra porque a “bagagem” (física e emocional) é leve. Não há uma “carreira” para arrastar…
· Os amigos estão à disposição para ajudar, sem medo de impactos legais típicos do pensamento corporativo. Amigos não vão cobrar R$ 250 por uma opinião sobre um contrato…
· E, sobretudo, o sentimento de que tudo é possível! Com diz o ditado, “por não saber que era impossível, foi lá e fez!”
AWC diferencia-se de todas as outras iniciativas existentes por prover um ambiente de orientação para negócios, realizada por monitores e mentores, durante um ano inteiro, em encontros semanais, acompanhando a execução do TCC. Todos os participantes recebem conteúdos formativos em workshops presenciais, que também são parte da criação deste ecossistema em que todos estão imbuídos da ideia de empreender e podem apoiar-se uns aos outros. AWC também oferece apoio financeiro para aquisição dos materiais de consumo necessários para a construção dos protótipos. Este aporte financeiro permite inclusive a construção de verdadeiros protótipos de Engenharia, evitando os “improvisos” que são comuns no TCC em que é o aluno quem precisa pagar pelos materiais. Ou seja: permite que o aluno realmente use os critérios de projeto que aprendeu no curso de Engenharia! Ainda, AWC oferece acesso a uma extensa rede de empreendedores e especialistas, que respondem a questões específicas.
Assim, o programa diferencia-se das aceleradoras, pelo seu caráter francamente pedagógico, respeitando um momento particular na vida do aluno-indivíduo, que tem muitas dúvidas nesta transição para a fase adulta, em que se inicia em uma carreira.
Marcos Barretto - Monitor do Academic Working Capital (AWC), programa do Instituto TIM desenvolvido em parceria com a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Possui doutorado em Engenharia Mecânica, mestrado em Engenharia Elétrica e graduação em Engenharia de Eletricidade, todos pela USP. Atualmente é professor da Escola Politécnica da USP.
Fonte http://www.administradores.com.br/noticias/empreendedorismo/universidade-empreendedora-transformando-o-tcc-em-uma-startup/113592/
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