
Você é uma pessoa imaginativa? Vamos testar.
Em 1986 eu tinha sete anos de idade e caminhava pelos corredores da escola católica em que me educaram quando aconteceu pela primeira vez. Foi rápido, indolor, mas bem esquisito. Eu sempre fui esquisito.
A professora não entendeu muito bem e deixou pra lá. O coleguinha ao lado olhou torto mas não disse nada. Três minutos depois aconteceu outra vez. E daí em diante sempre mais e mais.
O nome é Tourette, herdado de um doutor francês. É uma síndrome. Consiste numa série de espasmos musculares que, embora não sejam totalmente involuntários, são quase impossíveis de serem controlados. Acomete mais os meninos e os espasmos geralmente ocorrem na cabeça e rosto. Popularmente se chama de tic nervoso, e depois daquele dia eu tive muitos. Entortava o pescoço, tossia, olhava pra trás e dava umas cabeçadas no ar de vez em quando. Quinhentos anos atrás me queimariam vivo.
Mas vamos saltar no tempo. 7.15 da noite numa terça feira de 1992. Eu voltava da locadora em minha BMX novinha em folha quando ao cruzar uma rua movimentada senti o impacto. Rodopiei e caí estatelado no asfalto. O fêmur esquerdo se partiu ao meio. Uma cirurgia de cinco horas colou as partes. Doze parafusos. Oito meses de cama e comecei a botar o pé no chão. Doía e eu mancava bastante. Acho que manquei por quase dois anos.
Agora um terceiro momento. Você já viu a superfície da lua? É meu rosto hoje. Menos mal, por que na adolescência se parecia com a superfície de marte. Vermelha e com vulcões em erupção. Tomei um remédio caríssimo que exigia 3 vias de receita para ser comprado. Resolveu parcialmente. As espinhas se foram, as marcas ficaram.
Agora juntemos tudo e saltemos para 1993. Visualize um adolescente de 14 anos, com a cara toda estourada de espinhas, puxando de uma perna, tossindo esquisito e jogando a cabeça pra trás sem mais nem menos. Eu.
Alguns apelidos: Cara de chapisco, mula manca, tá fundo tá raso, possuído, tic tic, manqueba e outros de que não me lembro mais. Não existia o conceito de bullying mas o pau quebrava.
Pois bem. Não sei que tipo de esquisitices você tem na vida. Não sei se você e feio, vesgo, se manca ou se tem uma verruga na ponta do nariz. Mas sei de uma coisa: Você jamais deve deixar este tipo de coisa te parar.
A maneira como contei os eventos acima pode ter dado a eles um tom leve. Mas não foi bem assim. Fui levado a muitos psicólogos por causa da dos tiques, sofri bastante por causa do excesso de espinhas e cheguei a pensar que jamais andaria sem mancar um dia.
Um dos trabalhos que faço hoje é ajudar pessoas a planejarem melhor suas carreiras para ter sucesso profissional. E ao contrário do que você possa pensar, o que mais atrasa a vida da maioria pouco tem a ver com habilidades e competências ligadas ao trabalho. O ponto crítico que as impede de avançar na vida é bastante pessoal: Baixa autoestima. Muitos não sabem disso e vem com queixas diversas, mas fica evidente assim que abrem a boca.
A muitos de nós não falta inteligência ou habilidade. Falta confiança própria. Há gente que não avança, não ousa, não acredita, não muda, não desafia e não dá passos maiores por medo de serem ridicularizadas ou por receio de olhares alheios.
Alguns se acham pouco demais para sonhar alto, outros julgam não merecer uma vida melhor. Ou acham que merecem, mas sentem-se incapazes de conquistar. Não falta só método, falta coragem.
Todos nós tivemos na vida momentos desagradáveis e passagens ridículas que gostaríamos de apagar da memoria. Alguns enterram, outros superam, e uma boa parte caminha assombrada por fantasmas do passado.
Eu escolhi superar. Você vai escolher o quê?
Embora a síndrome de Tourette não tenha cura, ela tende a regredir bastante na idade adulta. Hoje ainda dou umas cabeçadas de vez em quando, mas não deixei nada disso me parar. Se eu dissesse a qualquer pessoa durante minha adolescência que eu seria um palestrante, seria motivo de chacota. Hoje, falo para centenas de pessoas e ainda uso meus tiques como forma de divertir a plateia.
A perna ainda dói um pouco em dias frios, o que serve para me lembrar de ser mais cuidadoso. Quanto ao rosto marcado, a maioria das pessoas nem parece reparar tanto, mas se você for até meu site e prestar atenção na foto principal, poderá notar as diversas imperfeições na pele.
Talvez você pense que para ter uma carreira bem sucedida seja necessário estudar muito e dominar diversas competências em sua área de atuação. É verdade. Mas nada disso funciona se você não aceitar a si mesmo e gostar de quem você é. As pessoas notam essas coisas.
Gerentes, diretores e presidentes não são elevados a esta condição somente por serem tecnicamente capazes. E sim porque são pessoas seguras de seu próprio valor. Você só pode inspirar e gerir pessoas quando estiver bem consigo mesmo. Anote aí – As pessoas ao seu redor somente te darão o valor que VOCÊ acredita ter.
Portanto, mais do que aprender métodos e ferramentas, foque-se em entender quem você é. Aprenda a aceitar seus defeitos, perdoar suas imperfeições e a amar a pessoa no espelho. Só assim você terá forças e amor próprio para enfrentar os inúmeros desafios que vão surgir pelo caminho. E acredite, serão muitos.
A vida é sobre sucesso, não perfeição.
Até mais.
Fonte http://recursosehumanos.com.br/artigo/carreira-de-sucesso/?utm_source=Rede+O+Gerente&utm_campaign=ff32745bbd-Recursos_E_Humanos_31_07_2014&utm_medium=email&utm_term=0_651183821a-ff32745bbd-106172596
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