É incontestável a contribuição que a Lei de Modernização dos Portos
(8.630/93) trouxe ao setor. Antes, era a estatal Portobrás que cuidava de todos
os portos do País. Mas, há quase duas décadas, a partir daquela legislação, as
autoridades portuárias ganharam o direito de arrendar áreas nas adjacências
para que entes privados pudessem operar terminais. Nos anos 1990, o processo de
descentralização e os investimentos privados foram fundamentais para melhorar a qualidade e eficiência destes serviços, dando
suporte ao desenvolvimento do comércio exterior brasileiro.
Mas, hoje, já não se discute as
limitações deste modelo. É preciso mudá-lo. Essa é a conclusão à que,
felizmente, também chegou o governo federal, que acaba de lançar o Plano
Nacional de logística Integrada (PNLI), um pacote de medidas
sobre a questão portuária com vistas ao aperfeiçoamento do marco regulatório
que vinha impedindo a expansão dos investimentos da iniciativa privada no
setor. Para tanto, o governo precisa conceder novas outorgas para terminais
privados, resolvendo a questão das concessões vencidas ou por vencer, além de
passar à iniciativa privada outros portos públicos.
Além disso, o que se espera é que o
governo (União e Estado) concentre o seu foco na questão do acesso por terra ao
Porto de Santos, responsável por 27% do comércio exterior brasileiro. É de
lembrar que, com os investimentos que saíram do Plano de Aceleração do
Crescimento (PAC), o governo conseguiu reduzir sobremaneira o problema do
acesso por mar ao Porto de Santos, com as obras de dragagem e alargamento do
canal do estuário, ainda em fase de conclusão.
Dessa maneira, 30% da frota mundial
que não entravam no Porto por causa das limitações do canal de navegação vão
passar a entrar. Só que, ao contrário do que se imaginava, as filas de navio à
espera de ordem para atracação vão continuar a se formar na barra. É que
persistem os gargalos na zona retroportuária: não há estacionamentos, as
rodovias e as vias de acesso ao Porto são limitadas e falta infraestrutura.
Assim, a cada dia, crescem as filas de caminhões nas rodovias e nas ruas da
zona portuária. Até porque o modelo de transporte brasileiro continua majoritariamente
rodoviário – apenas 20% das cargas são transportadas por trem.
Outro tema que precisa ganhar
prioridade do governo é a reestruturação das companhias docas, que hoje são
responsáveis pela administração dos portos. Hoje, essas estatais demonstram
falta agilidade e eficiência, bem como excesso de burocracia. Além disso, seus
diretores têm pouca autonomia para fazer seu trabalho. Sem contar que são
indicados por partidos ou grupos políticos, que acabam por interferir na gestão em função de interesses nem sempre
muito claros.
E não é só. Com o PNLI espera-se que venham, principalmente, também
medidas que viabilizem a redução do custo tributário e da energia elétrica,
pois só assim o comércio exterior poderá ser revitalizado.
Fonte: http://www.logisticadescomplicada.com/o-que-se-espera-do-plano-nacional-de-logistica-integrada-pnli/
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